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Ultrapolarização pode afugentar os investimentos...

Josias de Souza

10/11/2019 05h37

Lula chamou Bolsonaro de miliciano. E foi chamado pelo capitão de canalha. Se o nível rasteiro serve para alguma coisa é para demonstrar que o cenário político, antes apenas medíocre, tornou-se execrável. Adicionada a outras fatalidades políticas, a ultrapolarização amedronta investidores estrangeiros que já olhavam para o Brasil com um pé atrás.

A despeito do esforço de algumas autoridades de Brasília, entre elas o próprio Jair Bolsonaro, para transformar frustração em sucesso, as duas rodadas de leilões de petróleo realizadas na semana passada revelaram-se frustrantes. Inaugrou-se um debate sobre o modelo dos leilões. As regras, de fato, afugentaram as grandes petroleiras internacionais. Mas elas talvez não expliquem tudo.

Arrisca-se a peder a riqueza da discussão quem não levar em conta os efeitos da instabilidade política sobre o ânimo do capital. No momento, o Brasil é presidido por um ex-deputado que não dispõe de uma relação azeitada com o Congresso. O presidente briga com a maior rede de TV do país. Ele despreza o meio ambiente. Tem três filhos encrenqueiros. E briga com a vizinha Argentina, terceira maior parceira comercial do Brasil.

Submetido a esse cenário tóxico, o investidor estrangeiro observa os primeiros movimentos de Lula fora da cadeia, olha ao redor e constata o seguinte: Os discursos políticos tornaram-se radioativos. As ruas voltaram a balbuciar críticas à Suprema Corte e ao Congresso. Súbito, o investidor conclui: É melhor aplicar dinheiro no inferno do que no Brasil.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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