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BOLSONARO NÃO É INVENÇÃO DE AGORA (ELE SEMPRE FOI ASSIM)

PRESIDENTE JAIR BOLSONARO

 

A edição do Jornal do Brasilanunciava a chegada a Brasília de um “político ao avesso”, com ideário político resumido “à confusa mistura de clichês patrióticos e lemas moralistas”. “De hábito simples e nenhuma leitura”, que dizia que a democracia, em si, é boa, “mas não pode ser essa casa da mãe Joana”.

 

Em parte “por timidez", em parte "por reconhecer suas limitações intelectuais”, um homem comprometido a não se meter naquilo que não sabe ou não conhece, pelo menos em discurso. Sem apreço pelo debate na política, (“orgulha-se de jamais ter participado de uma reunião de negociação com seus pares”, registra o texto), e em pé de guerra com o Comando Militar (“militares gostam disso: você tem de mostrar que é homem quando o inimigo ataca, não quando está recuando, sem munição”, justificava).

 

No gabinete de trabalho havia apenas a bandeira brasileira e uma mensagem escrita em faixa: “O país acima de tudo”. Praticamente a mesma que viraria bordão de campanha e slogan de governo, 29 anos depois. Em outubro de 1990 , o então repórter do JB Sérgio Sá Leitão reportava o espírito de um recém-eleito deputado federal que deixava a Câmara dos Vereadores do Rio rumo a Brasília, para desgosto da mulher e dos três filhos. "No fundo, ela sabe que precisamos sustentar os garotos”, registrou.

 

Longe da profissão e atualmente secretario de Cultura do governo de João Doria, Leitão considera seu texto “um retrato adequado do Bolsonaro 90”. No caso, o "líder sindical a defender os interesses da corporação que representava”, ou seja, as Forças Armadas. “O debate ideológico tinha menos importância. Aos poucos, foi se tornando mais marcante e definidor de sua atuação política. Com isso, seu capital político cresceu, transcendendo a corporação que representava”, analisa, hoje, o ex-repórter.

 

Passadas três décadas, Bolsonaro não enfrenta mais o comando das Forças Armadas como antes. Mas segue a deixar a “Nova República de cabelo em pé”, quando insinua a prisão de jornalista sem que ele que tenha cometido crime, deslegitima o trabalho de décadas de cientistas do Inpe ou ridiculariza o luto do filho de um militante de esquerda assassinado pelo Estado, quando era uma criança. Por essas e outras, Leitão, agora também político, anuncia que cerrará fileiras por seu atual chefe numa eventual disputa: em 2022, ele diz que votará em Doria.

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