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Bolsonaro trata Temer com um raro comedimento.

Por uma dessas fatalidades do destino, a prisão de Michel Temer veio no dia em que Jair Bolsonaro fez aniversário de 64 anos. Eleito enrolado na bandeira da ética, o capitão teria todas as razões para soltar fogos e sapatear sobre a tragédia alheia. Mas Bolsonaro teve uma reação discreta. Indagado por repórteres no Chile, onde se encontra, limitou-se a fazer duas declarações bem comportadas. Numa, disse: "Que cada um responda pelos seus atos, a Justiça nasceu para todos." Noutra, reduziu a prisão de Temer, apresentado pela Lava Jato como um delinquente que viola os cofres públicos há 40 anos, a uma simples consequência "de acordos políticos firmados em nome da governabilidade." 

 

Coisa que Bolsonaro diz não ter feito no seu governo. Deve-se o comedimento de Bolsonaro a duas razões bem objetivas. A primeira razão é a reforma da Previdência. Com a popularidade em baixa, Bolsonaro precisa desesperadamente da aprovação da emenda que muda as regras previdenciárias. Isso é uma pré-condição para que a economia saia da UTI.

 

E o capitão não pode se dar ao luxo de jogar pela janela os votos do MDB, partido de Temer. A segunda razão é de ordem prática. Aquele Bolsonaro da campanha eleitoral, que se julgava detentor de uma superioridade moral que fazia dele uma espécie de acusador-geral da República… aquele Bolsonaro não existe mais. Hoje, se tripudiasse sobre Temer, Bolsonaro se arriscaria a ouvir provocações em série: E o Queiroz?, perguntaria alguém. E a conta suspeita do Zero Um?, indagaria outro.

 

E o depósito de R$ 24 mil na conta da madame? E o laranjal do PSL? E os sete ministros sob suspeição? Melhor silenciar. Temer não é bom exemplo para ninguém. Mas tornou-se um extraordinário aviso para Bolsonaro.

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