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ARMAS EM ALTA, MORTES EM QUEDA E A PRISÃO DE LUXO DE LULA

Dezesseis mil, duzentos e trinta e três. Em 12 anos (2007 a 2018), a polícia do Rio apreendeu 16.233 armas longas — fuzis, carabinas, espingardas, metralhadoras e submetralhadoras —, arsenal suficiente para alimentar uma guerrilha parruda, ou um pequeno exército. Foram 3.610 fuzis, 1.215 carabinas e 10.281 espingardas, segundo o Instituto de Segurança Pública. Isso sem falar nas quase 35 mil pistolas e nos mais de 47 mil revólveres. Tudo isso alimentado pelas quase 820 mil munições de variados calibres. E nem estamos contando as 4.121 granadas retiradas de circulação entre 2012 e 2018, o governo contabiliza essas apreensões como “atividade policial”, ou seja, quanto mais, melhor. Para mim, é a assustadora constatação numérica de que há alguma coisa muito errada.

 

Fazendo uma estimativa (razoável) de R$ 50 mil por fuzil no mercado negro, só neles temos mais de R$ 180 milhões apreendidos. E o que não falta, nas favelas, é fuzil de tudo quanto é origem, modelo, calibre. Segundo o governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, apenas a Polícia Militar apreendeu em janeiro deste ano 48 fuzis. Usando a mesma estimativa acima, o tráfico deu adeus a R$ 2,4 milhões em armas num único mês. E os morros da cidade e do estado continuam entulhados de todo tipo de armamento, com sofisticações e melhoramentos como lunetas, miras laser, carregadores tambor, kits rajada e outros mimos. O que mostra, além da facilidade com que o tráfico compra uma arma clandestina, a quantidade de dinheiro que vender cocaína, maconha e outras desgraças movimenta.

 

Fronteiras porosas? O território brasileiro é uma avenida aberta para tudo de ruim e errado. Entra e sai cocaína, entra arma, munição, sai órgão, semente, bicho, planta, entra maconha, fugitivo, garimpeiro, sai bebê. E o problema não é falta de vigilância (apenas): é excesso de fronteira.

 

Os números definitivos ainda estão longe de sair, mas tudo indica que tivemos uma redução de homicídios no país em 2018, comparado a 2017 e à tendência de subida galopante dos últimos dez anos, pelo menos. Empilhei os dados de homicídios do ano passado fornecidos por alguns estados e o resultado é este aqui (em alguns casos, o governo estadual fornece apenas o índice CVLI — crimes violentos letais intencionais, que englobam homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte e latrocínios):

 

Alagoas - 1.519 (CVLI) - queda em relação a 2017

Amazonas - 891 - queda

Bahia - 4.184 (até setembro)

Ceará - 4.518 (CVLI) - queda

Distrito Federal - 453 - queda

Espírito Santo - 1.108 - queda

Mato Grosso do Sul - 448 - queda

Minas Gerais - 2.959 - queda

Pará - 3.413 (até novembro) - queda

Pernambuco - 4.166 (CVLI) - queda

Rio Grande do Norte - 1.955 (CVLI) - queda

Rio Grande do Sul - 2.326 - queda

Rio de Janeiro - 4.936 - queda

São Paulo - 2.949 - queda

Mesmo misturando homicídios dolosos com CVLI, e considerando que alguns estados não forneceram ainda os números totais de 2018, são 35.825 mortes nos 13 estados e no DF. Seria preciso admitir quase 30 mil mortes nos estados restantes (e nos meses que faltam em alguns estados) para chegarmos a patamares de 2017. O mais provável — aqui, vai um palpite mesmo — é que 2018 tenha terminado com algo em torno de 50 mil a 55 mil mortes. Um número absurdamente alto, ainda, mas que apresenta uma reversão na escalada de homicídios até então. A se destacar, os números apavorantes dos estados do Nordeste, Bahia e Ceará puxando a longa fila de homens mortos. Se em termos absolutos os índices dão medo, melhor nem pensar nas taxas de homicídios por 100 mil habitantes. O GLOBO / 

GIAMPAOLO MORGADO BRAGA

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