Zezinho Albuquerque (PDT) alcançou o inédito terceiro mandato como presidente da Assembleia Legislativa em disputa histórica, a primeira com chapa concorrente depois de 30 anos. Em entrevista ao O POVO, o deputado estadual diz que agora tem de trabalhar para manter os parlamentares unidos e base forte. Quanto às reclamações de que a Casa precisaria de “renovação”, ele argumenta que a “renovação é constante. Mas se tem uma coisa que está dando certo, para quê mudar?”.

OPOVO - Qual será o maior desafio da nova gestão à frente da Assembleia?

Zezinho Albuquerque - Nós precisamos manter a Casa unida. Eu preciso ter o apoio dos 45 deputados da Casa, não somente dos que votaram em mim. Eu venho conversando com todos, porque a Casa é uma só, e eu sou presidente de todos. Então, os desafios são manter a Casa unida depois de uma eleição e (aprovar) os projetos que são de grande repercussão. O povo cearense espera o exemplo dos deputados, o povo quer que a Assembleia mostre resultados. E os deputados sabem disso. Não se deve individualizar, mas trabalhar para grandes projetos do Estado do Ceará. Então, hoje eu já conversei com dois deputados, ontem também, com deputados que não votaram em mim mas que são meus amigos. 

OP - Alguns deputados pediam por renovação na Presidência.

Zezinho - A renovação na Assembleia é de quatro em quatro anos. Estamos sempre mudando porque temos o voto nas pessoas, eu fui eleito presidente foi pelo voto, não por uma nomeação. A renovação é constante. O que existe no Parlamento são deputados mais e menos experientes. 

OP - Mas o senhor pretende trazer alguma renovação para esses dois anos?

Zezinho - Claro, porque nós temos uma Mesa Diretora onde participam vários partidos. Nós estamos trabalhando em muitas coisas. Teremos como foco a discussão sobre a violência, a seca, o combate às drogas. Nós temos uma universidade, temos a Casa do Cidadão, um departamento médico. A Casa está muito bem preparada. Essa coisa de renovação é constante. Mas se tem uma coisa que está dando certo, para quê mudar?

OP - Na terça-feira seguinte à votação, dia 6, alguns deputados foram à tribuna e fizeram acusações de intromissão de outros Poderes na votação.Isso aconteceu?

Zezinho - Houve um apelo do governador na base, inclusive foram marcadas três reuniões na casa dele para que a base saísse unida. Não havendo a união da base, o governador lançou meu nome para apoiar. O que houve foi um apoio, e isso é normal, democrático e republicano. É visível também que houve interferência de outras lideranças para pedir o voto, isso é normal, é democrático.

Sobre o conselheiro Domingos Filho, eu não assisti nenhuma reunião em que ele tenha participado, mas o que se diz na Assembleia é que ele estaria trabalhando para um candidato. Eu vejo isso democraticamente, mas acho que o Tribunal (de Contas dos Municípios) é um órgão técnico, é para estarem lá pessoas técnicas, para não se envolverem com a política.  OPOVO