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Josias: Acordo nos subterrâneos compromete resultado da CPI do 8/1

O resultado da CPI do 8/1 ficou aquém do esperado e deveria ter ido mais a fundo na responsabilização de militares e da cúpula do governo, afirmou o colunista do UOL Josias de Souza no UOL News da manhã desta terça-feira (17). O relatório final da CPI, apresentado hoje, pede o indiciamento de Jair Bolsonaro e de oito generais.

Não há dúvida de que o documento tem relevância, mas ela poderia ser muito maior. Há um quê de acordão que tisna esse documento. O que houve na CPI foi um acordo tácito, firmado nos subterrâneos de Brasília, bem longe dos refletores, e que compromete o resultado da comissão. A maioria governista se absteve de convocar os principais oficiais que se acumpliciaram com Bolsonaro.Josias de Souza, colunista do UOL

Josias citou os casos do general Braga Netto, do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e de outros membros da cúpula das Forças Armadas que não foram ouvidos pela CPI. O colunista lamentou os rumos tomados pela comissão e espera que a Polícia Federal alcance a profundidade que faltou à CPI.

O depoimento do Braga Netto foi adiado duas vezes e depois cancelado. A CPI abriu mão de ouvi-lo. A bancada do governo desistiu de sua maioria para aprovar a convocação dos oficiais. Ficou constrangida a plateia, privada de ouvir esses oficiais, que devem explicações à sociedade brasileira. Perdemos uma oportunidade. Agora, espera-se que a PF realize esse trabalho que a CPI poderia ter feito.Josias de Souza, colunista do UOL

Autossabotagem tornou inócuo resultado da CPI do 8 de janeiro

Acusado de tramar um golpe contra si mesmo uma semana depois de tomar posse, Lula foi à CPI do 8 de janeiro em condição privilegiada. Majoritária na comissão, a bancada governista poderia ter submetido o golpismo ao mesmo nocaute que a CPI da Covid havia aplicado contra o negacionismo. Curiosamente, o governo utilizou sua maioria para vulgarizar a investigação parlamentar

 

O relatório final da senadora Eliziane Gama traz coisas novas e boas. O que é bom não é novo, pois já consta dos inquéritos tocados pela Polícia Federal. O que é novo não é bom. Bolsonaro emerge do texto como chefe da organização golpista sem ter sido inquirido ou acareado com seu ex-ajudante de ordens, como chegou a ser cogitado. Os militares vão à ribalta como cúmplices sem que os protagonistas da farda tenham sido retirados de suas trincheiras…

O Planalto deu um boi, o general Gonçalves Dias, para entrar na briga. Depois, deu uma boiada para sair dela. Com medo de oferecer palco a um Bolsonaro já inelegível, os governistas evitaram convocar o capitão para depor na CPI. Para não melindrar as Forças Armadas, livraram do constrangimento também os generais que fomentaram o golpe e até o almirante que, segundo o delator Mauro Cid, se dispôs a participar dele…

 

A autossabotagem tornou o relatório final da CPI do 8 de janeiro inócuo. Os pedidos de indiciamentos são meras recomendações, que a Procuradoria da República não deve atender antes da conclusão dos inquéritos oficiais. Brigando pelo empate, o governo livrou-se na CPI da tese terraplanista do autogolpe. Mas não produziu material que possa ser aproveitado pela PF como prova contra golpistas paisanos e, sobretudo, fardados…

 

 

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