Torre de Babel prende 94 e faz buscas na Câmara de Uberlândia
Pepita Ortega / O ESTADODE SP
10 de outubro de 2019 | 17h15
O Ministério Público de Minas deflagrou nesta quinta, 10, a Operação Torre de Babel para desarticular três organizações criminosas – um grupo que roubava caminhões e cargas, uma quadrilha especializada na receptação de cargas e carretas e uma milícia. Ao todo, 100 pessoas são investigadas, informou a Promotoria. O grupo sob suspeita contava com a participação de agentes públicos. A força-tarefa fez buscas na Câmara de Uberlândia. São citados na investigação os vereadores Juliano Modesto (SD) e Alexandre Nogueira (PSD).
Modesto teria intimidado uma testemunha que denunciou fraudes na cooperativa de transporte de passageiros e cargas da cidade do Triângulo Mineiro. Nogueira teria ligação com o grupo.
Agentes cumpriram 94 mandados de prisão preventiva e 65 de busca e apreensão em Minas, nos municípios de Uberlândia, Uberaba e Monte Carmelo e, ainda, em Itumbiara (GO).
Dos investigados que são alvo de ordens de prisão, 25 já se encontravam recolhidos em unidades prisionais de Uberlândia, Patrocínio (MG) e Itumbiara (GO).
Segundo a Procuradoria, dez policiais militares, quatro policiais civis e três advogados são investigados pela ‘Torre de Babel’.
Parte das buscas tem como alvo dois vereadores de Uberlândia, que, segundo o Ministério Público de Minas, estão ‘envolvidos em infrações relacionadas à mílicia investigada’.
Os agentes cumpriram mandados nos gabinetes dos parlamentares.
Participam da operação três promotores de Justiça, cerca de 350 policiais militares de Minas, cinco policiais civis de Minas e doze PMs de Goiás.
Milícia
A milícia investigada pela Operação Torre de Babel tinha como líder o policial militar Leandro Machado de Araújo, informou o Ministério Público de Minas.
Segundo a Promotoria, o grupo praticava crimes por encomenda, incluindo homicídios, extorsões, ameaças, obstrução de justiça, roubos com utilização de informações privilegiadas, entre outros.
O Ministério Público de Minas indicou que, entre os crimes cometidos pela milícia de Araújo estão o assassinato do agiota Reginaldo Carvalho Fonseca, em agosto de 2012, e um incêndio criminoso praticado na Clínica Vital Saúde, em abril de 2018.
A Promotoria diz ainda que a organização obstruiu a Justiça, em junho de 2017, ao intimidar um motorista de van escolar que havia denunciado crimes de dirigentes de cooperativas.
Segundo a Promotoria de Minas, as entidades exploravam o serviço de transporte escolar em Uberlândia.
Roubo de Carga
O Ministério Público destacou que a quadrilha que roubava caminhões e cargas tinha como base as cidades de Uberlândia e Itumbiara e era liderada por Domingos Lopes de Araújo Neto, o ‘Macho’, preso em junho, na Operação Irmãos Metralha.
O consórcio liderado por ‘Macho’ praticou dezenas de crimes de roubo de caminhões e cargas no Triângulo Mineiro e na região sul do estado de Goiás, além de homicídios, corrupção ativa, falsificação de documento público e lavagem de dinheiro, informou a Promotoria.
Receptação
De acordo com o Ministério Público de Minas, Anderson Modesto Cunha, o ‘Mão Branca’, era o chefe da segunda quadrilha investigada pela Operação Torre de Babel, realizando receptação de cargas e carretas. A ação é desdobramento da Operação Dominó, deflagrada em dezembro de 2018.
Além da receptação, o grupo de ‘Mão Branca’ também trabalhava com desmanche de veículos roubados, destacou a Promotoria. As peças eram utilizadas na reformas de carretas.
COM A PALAVRA, JULIANO MODESTO
A reportagem entrou em contato com o gabinete. O espaço está aberto para manifestação.
COM A PALAVRA, ALEXANDRE NOGUEIRA
A reportagem entrou em contato com o gabinete. O espaço está aberto para manifestação.