Busque abaixo o que você precisa!

Câmara deve analisar ao menos 15 sugestões de mudança na PEC da Previdência

O plenário da Câmara começou a analisar na noite desta quarta-feira (10), logo depois da aprovação do texto principal da reforma da Previdência, as sugestões de mudança no texto – os chamados destaques. Há pelo menos 15 pedidos de alteração que podem ser analisados, em votações sucessivas.

A lista ainda pode sofrer alterações, já que os destaques podem ser retirados a qualquer momento ou sequer serem votados se propostas similares tiverem sido votadas antes.

Até a última atualização desta reportagem, um dos destaques, que tratava da aposentadoria de professores, já havia sido rejeitado pelo plenário. Após a rejeição desse trecho, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu encerrar a sessão e convocou uma nova votação para esta quinta (11).

No total, os parlamentares apresentaram 94 destaques ao texto, mas parte deste universo de propostas foi rejeitada, numa votação em globo. É praxe na Câmara rejeitar os destaques simples, aqueles apresentados por apenas um parlamentar.

 

Os destaques são o instrumento que os deputados têm para alterar o texto do relator, quando não concordam com a forma como ele tratou determinado ponto da proposta. Previstos nas regras internas da Câmara, eles são sempre votados depois do texto-base.

Os destaques permitem que pontos polêmicos, em que há divergência, sejam analisados de forma isolada, fora do conjunto da PEC. Cada destaque tem uma votação específica. Quando são aprovados, mudam o texto do relator.

Os destaques podem solicitar a retirada de um determinado ponto do texto; podem pedir a inclusão, na PEC, de uma emenda apresentada na fase de comissão especial; ou a substituição de um determinado ponto do novo texto pela redação prevista na PEC original. As mesmas emendas destacadas durante a votação na comissão especial podem voltar a ser destacadas na fase de plenário.

Antes da votação de cada destaque, é possível encaminhamento de votação, com discursos do autor do destaque e do relator Samuel Moreira (PSDB-SP). Como se trata de PEC, para que um destaque consiga alterar o texto do relator, é preciso que obtenha, no mínimo, 308 votos.

Na lista, até o momento, há destaques para os quais há acordo, como o que faz ajuste nas regras de aposentadorias para mulheres. Há propostas, ainda, no sentido de mudar a idade mínima de aposentadoria de policiais. Para elaborar a emenda neste sentido, o partido Podemos, o autor da proposta, teve o suporte de um destaque do PSL, partido do governo.

Veja os destaques que podem ser analisados na Câmara:

>>> Destaque apresentado pelo PL (já rejeitado pelo plenário)

Pretendia retirar as regras previstas atualmente na reforma da Previdência para professores, ao propor novos critérios para a concessão do benefício para a categoria que atua no ensino público na União, estados e municípios:

  • 55 anos de idade e 30 de contribuição para homens;
  • 50 anos de idade e 25 anos de contribuição para mulheres;
  • efetivo exercício da função de professor na educação infantil, ensino fundamental e médio;
  • 10 anos de efetiva atuação no serviço público;
  • 5 anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria.

Para professores do regime geral, propunha 30 anos de contribuição (homem) e 25 anos de contribuição (mulher), sem idade mínima.

>>> Destaque apresentado pelo Cidadania

Quer retirar do texto a previsão de que têm direito ao benefício de prestação continuada idosos e pessoas com deficiência em famílias com renda familiar per capita inferior a 1/4 do salário mínimo. Esse requisito já existe em lei e o relator buscou constitucionalizar o tema para evitar a judicialização.

>>> Destaque apresentado pelo DEM

O destaque faz ajustes no texto que foram demanda da bancada feminina:

  • Fórmula de cálculo do benefício: a bancada feminina considerou que a fórmula de cálculo do benefício das trabalhadores não foi ajustada ao tempo de contribuição acertado para mulheres, de 15 anos. O DEM fez o ajuste nesse ponto, para que mulheres possam ter direito a 60% do valor do benefício aos 15 anos de contribuição e não 20 anos. A cada ano a mais na ativa, será possível receber mais 2%.
  • Pensão por morte: a bancada feminina quer mudanças nas regras de pensão por morte. O partido apresentou nova redação para o trecho, prevendo que a pensão por morte será de um salário mínimo se for a única fonte de renda obtida pelo dependente, e não pelo "conjunto de dependentes", como previa o texto inicial.
  • Maternidade: o destaque retoma a redação atual da Constituição, como queria a bancada feminina. As deputadas não aceitavam a mudança feita pelo relator no artigo 201, inciso II, da Constituição. O texto atual da Carta Magna prevê que haverá “proteção à maternidade, especialmente à gestante”. O parecer do relator cita somente o “salário-maternidade”.

>>> Emenda apresentada pelo Podemos

O Podemos apresentou uma emenda, tendo como suporte um destaque do PSL, para diminuir a idade mínima de aposentadoria de policiais federais, rodoviários federais, ferroviários federais, policiais civis do DF, policiais legislativos, agentes socioeducativos e agentes penitenciários federais.

A idade passa a ser de 53 anos para homem e 52 para mulher, desde que cumprido período adicional de contribuição correspondente ao tempo que, na data em que entrar em vigor a emenda, faltaria para atingir os tempos de contribuição da lei complementar de 85 (pedágio de 100%). Nesta lei os tempos de contribuição são:

  • 30 anos de contribuição, com pelo menos 20 anos no exercício do cargo de natureza policial, para homens;
  • 25 anos de contribuição, com pelo menos 15 anos no exercício do cargo de natureza policial, para mulheres.

>>> Destaque apresentado pelo Solidariedade

O Solidariedade quer alterar as regras de transição para as aposentadorias de trabalhadores da iniciativa privada, pelo INSS, estabelecendo para o grupo um único pedágio na transição, de 30%. Esse pedágio valeria no caso de aposentadoria por idade, que seria de 60 anos (mulheres) e 65 anos (homens), com 15 anos de contribuição. E também na aposentadoria por tempo de contribuição, de 35 anos para homens e 30 para mulher.

>>> Destaque apresentado pelo PCdoB

Quer mudanças nas regras de pensão por morte, suprimindo do texto do relator o dispositivo que prevê que a pensão por morte terá o valor de um salário mínimo só quando o benefício for a única fonte de renda auferida pelo conjunto de dependentes.

>>> Destaque apresentado pelo PSOL

Quer realizar mudanças nas regras do abono salarial previstas no texto. O partido quer retirar o ponto que estabelece que empregados de baixa renda cujas empresas contribuíram para o PIS/Pasep têm direito ao “pagamento anual de abono salarial em valor de até um salário mínimo”. O parecer do relator mudou a regra atual, que prevê o pagamento para trabalhadores que ganham até dois salários mínimos e estabelece que o valor será de um salário mínimo.

>>> Destaque apresentado pelo PT

Quer retirar do texto as regras de cálculo dos benefícios dos regimes de Previdência dos servidores públicos e dos trabalhadores da iniciativa privada. A regra, válida até que uma lei estabeleça as regras definitivas, prevê que o cálculo seja feito pela média aritmética simples dos salários de contribuição e das remunerações adotados como base para contribuições aos dois regimes, correspondentes a 100% do período contributivo.

>>> Destaque apresentado pelo PT

Quer retirar do texto as regras de pensão por morte concedidas a dependentes de servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada. Pelo texto, o benefício será equivalente a uma cota familiar de 50% do valor da aposentadoria recebida pelo segurado. A este valor, seriam somadas cotas de 10 pontos percentuais por dependente, até 100% no máximo.

Caso haja dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o valor da pensão será equivalente a 100% da aposentadoria recebida pelo segurado, se ela não superar o teto do regime geral de Previdência.

>>> Destaque apresentado pelo PT

Quer retirar do texto a regra de cálculo do valor do benefício de 60% da média aritmética com acréscimo de 2% do tempo de contribuição que exceder o período de 20 anos de contribuição, para aposentados pelos regime geral e próprio de Previdência.

>>> Destaque apresentado pelo PDT

Quer alterar a regra prevista para professores. Pelo texto, o professor ou a professora que comprovar tempo de "efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio" terão redução nos requisitos de idade (em dois anos) e no de contribuição (em cinco anos). O destaque do PDT busca suprimir a expressão "em dois anos", o que na prática deixa aberto o quanto se pode reduzir o requisito de idade.

>>> Destaque apresentado pelo PDT

Quer retirar, da regra de transição, a exigência de pedágio para cumprir o tempo mínimo de contribuição para a aposentadoria.

>>> Emenda apresentada pelo PDT

A emenda aglutinativa prevê a redução do pedágio de 100% para 50% para servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada.

>>> Destaque apresentado pelo PSB

Retira a regra, prevista no texto do relator, de aumento do tempo de contribuição a partir de 2020, de seis meses a cada ano, até atingir 20 anos, para homens no Regime Geral de Previdência Social.

>>> Destaque apresentado pelo PSB

Quer retirar, do texto, dispositivo que desconsidera, para contagem do tempo de contribuição para a Previdência, contribuições que estejam abaixo do piso mínimo de cada categoria. O partido considera que desconsiderar essas contribuições, o trabalhador pode ter perda de tempo de contribuição passível de ser contado para a concessão da aposentadoria.

Compartilhar Conteúdo

444