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Partidos articulam bloco contra Bolsonaro na Câmara e no Senado sem o PT

Renan Truffi e Mariana Haubert, O Estado de S.Paulo

31 Outubro 2018 | 14h56

 

BRASÍLIA – A exemplo do que já vem ocorrendo na Câmara dos Deputados, partidos que serão oposição ao governo de Jair Bolsonaro articulam um bloco para isolar o PTtambém no Senado. O movimento tem sido feito pelo senador eleito Cid Gomes (PDT-CE), irmão de Ciro Gomes, e pelo senador reeleito Randolfe Rodrigues (Rede-AP). A ideia é formar uma "bancada" de oposição formada por Rede, PDT, PSB, PPS e PSB. Juntos esses partidos terão ao menos 13 senadores. Já na Câmara, os líderes do PC do B, PDT e PSB voltaram a se reunir nesta quarta para articular uma frente de oposição sem a participação do PT. 

Ao formar o bloco no Senado, os partidos reunirão um número de parlamentares maior do que o próprio MDB, o maior partido da Casa, com 12 senadores a partir da próxima legislatura. Além disso, a ideia do grupo é se diferenciar do PT, que teria uma bancada menor, de seis senadores a partir de 2019.  O cálculo leva em conta os cincos senadores eleitos pela Rede, os quatros do PDT, e mais quatro de PSB e PPS, que contam com dois parlamentares cada. Há ainda a possibilidade de o bloco ganhar um 14º integrante, caso o senador Reguffe (sem partido-DF) aceite convite para atuar em conjunto. 

Cid Gomes
O ex-governador Ceará Cid Gomes (PDT)  Foto: Beto Barata / Estadão

A intenção dos partidos ao articular um bloco é se diferenciar dos petistas na oposição a Bolsonaro, como estratégia para quebrar a hegemonia que o PT sempre teve no campo progressista. A ideia vai ao encontro do discurso que o ex-ministro Ciro Gomes tem adotado desde que ficou em terceiro na disputa presidencial. 

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) evitou criticar a formação do bloco, mas ironizou o viés ideológico da bancada. "É um movimento mais de centro. A gente é de esquerda", disse. 

A senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, também minimizou o isolamento do partido, mas seguiu o mesmo tom de Lindbergh. "Nós não temos problema de autoestima, somos de esquerda. Nós vamos fazer resistência. E nos momentos que pudermos estar juntos, vamos estar", afirmou. 

Cid e Randolfe se reuniram nesta quarta-feira, no Senado, para discutir os detalhes da formação do grupo. Durante o encontro, o pedetista brincou ao dizer que Randolfe é o "mestre" e ele, o "aprendiz". Uma das possibilidades é de que o senador da Rede seja o líder da bancada. Para Cid, os partidos terão conduta de um "bloco progressista", mas sem apostar no "quanto pior, melhor", em crítica indireta ao PT. 

Randolfe exaltou a união nas redes sociais. "Oposição responsável e unida pelo Brasil e pelos trabalhadores! Muito obrigado pela visita, amigo. Que nos próximos anos possamos buscar juntos o melhor para o nosso povo", escreveu ao publicar foto da reunião. 

Câmara. Na Câmara, segundo o líder do PDT, deputado André Figueiredo (CE), o bloco também terá uma ação independente em relação aos petistas, mas deixou claro que a sigla poderá se juntar ao grupo quando a pauta convergir com o interesse dos partidos. "Seremos todos oposição, mas a nossa maneira pode se diferenciar em alguns momentos. [...] Não queremos hegemonismo de nenhuma parte", disse. 

O líder do PCdoB, deputado Orlando Silva (SP), classificou o PT como um partido importantíssimo e disse que o grupo terá "muitas pontes" com o partido. "Pretendemos aqui fazer uma oposição firme a Bolsonaro. O Brasil precisa ter alternativas para sair dessa crise", disse. Silva classificou o PT como um partido importantíssimo. "Teremos muitas pontes com o PT", disse. 

O grupo realizou um primeiro encontro nesta terça para iniciar as discussões. Segundo o líder do PSB, deputado André Tadeu (PE), a formação de um bloco parlamentar ainda é discutido, mas garantiu que as três siglas atuarão em conjunto.

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