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Gilmar e Fux dão falsa esperança a Lula

BRASÍLIA — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai ficar preso? A pena dele pode diminuir? Ele pode ser candidato? Essas e outras questões pairam no ar. Viraram gancho para iniciar uma conversa no elevador – e, dependendo dos interlocutores, começar um bate-boca. Empenhados em responder essas dúvidas que assolam a imprensa e a população em geral, dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) deram declarações públicas nesta terça-feira. À primeira vista, eles dão a entender que o futuro de Lula não é tão cinzento no Judiciário. Mas a realidade é outra.

 

A jornalistas em São Paulo, Gilmar Mendes disse que a pena de 12 anos e um mês imposta ao petista pode ser reduzida em recurso ao STF. Ele lembrou que, na mais alta corte do país, há divergências sobre a interpretação do crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. De acordo com um grupo de ministros – Gilmar, inclusive -, há casos em que o réu já recebe o dinheiro “lavado”. Ou seja, cometeu somente a corrupção ao receber propina, mas não fez esforço para escamotear a origem dos recursos.

 

Verdade. Em 2014, quando o STF julgou embargos infringentes de réus do mensalão, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT) foi beneficiado por essa tese. Ele livrou-se da condenação por lavagem de dinheiro, mas cumpriu pena por outros crimes. Em tese, o mesmo pode acontecer com Lula: livrar-se da pena de 3 anos e 9 meses por lavagem e cumprir 8 anos e 4 meses por corrupção. Ainda assim, ficaria em regime fechado.

Mas isso não é para agora. Lula foi condenado pela primeira instância e teve a condenação confirmada pela segunda instância. Agora, a defesa pode questionar a condenação e a pena ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao STF. Não há como prever quanto tempo levaria para os tribunais julgarem. Mas, pelo andar da carruagem do Judiciário, é pouco provável que seja neste semestre.

Gilmar, que historicamente tem um discurso crítico ao PT, apresentou outra possibilidade jurídica para mudar o destino de Lula: se o STF julgasse, e mudasse, o entendimento de que réus devem ser presos depois da condenação por um tribunal de segunda instância.

 

Há sim chances concretas de se reverter essa interpretação na corte, ampliando mais um pouco o direito de um condenado aguardar em liberdade o julgamento de mais um punhado de recursos. Mas a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, não esconde de ninguém a falta de disposição para pautar esse julgamento. O relator do caso, ministro Marco Aurélio Mello, já disse que não vai levar a ação para o plenário contra a vontade da presidente.

O ministro Luiz Fux também falou de Lula nesta terça-feira. Ele disse que, mesmo condenado, o ex-presidente poderia se candidatar. O caminho seria o seguinte: em agosto, o petista apresentaria pedido de registro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A tendência é que a corte negue o pedido, já que a Lei da Ficha Limpa impede a candidatura de réus condenados em segunda instância.

Daí Lula recorreria ao STF para obter uma liminar para concorrer. Possível, segundo a lei, é sim. Mas é provável que os ministros da mais alta corte do país concedam esse privilégio ao ex-presidente? Pelo que dizem os ministros em caráter reservado, Lula não levaria essa em um julgamento em plenário. A alternativa para o réu seria rezar para o algoritmo, aquele sistema de sorteio do STF, escolher um relator com vontade de dar essa liminar para Lula, sem levar o caso ao plenário.



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