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Seis meses - delação premiada

Ainda que frustrante, dificilmente poderia ser diverso o quadro dos resultados até agora produzidos pela delação premiada dos executivos da JBS. Seis meses depois de divulgado o acordo de Joesley Batista e seus associados com o Ministério Público, a apuração das irregularidades apontadas se desenvolve com lentidão.

Mesmo num país dotado de instituições mais eficientes e ágeis do que as brasileiras, não seria de fato simples examinar acusações envolvendo um total de 1.829 políticos.

Do gigantesco conjunto, é natural que se tenham destacado as suspeitas contra o presidente Michel Temer (PMDB) e o ex-candidato à sucessão de Dilma Rousseff (PT), o senador tucano Aécio Neves, de Minas Gerais.

Ambos sobrevivem, desacreditados, em seus postos de poder. Aqui, não foi exatamente porque faltassem indícios ou investigações quanto a pontos duvidosos de seus respectivos comportamentos. Foi a blindagem no Legislativo que os preservou, até agora, de consequências que sem dúvida atingiriam políticos de menor cacife.

Ocorre que, também em casos menos conspícuos, a delação da JBS corre o risco de se tornar inócua. Conforme relatado em reportagem desta Folha, figuras como o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), ou o da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira (PRB), nem sequer se viram objeto de inquérito por parte das autoridades.

São muitos os motivos para que tudo se protele. Ironicamente, as próprias extensão, gravidade e contumácia dos comportamentos detectados concorrem para o trâmite insatisfatório dos trabalhos.

Novas evidências, acrescentadas ao depoimento original, impõem a dilatação do prazo requerido pelo Ministério Público para o término das investigações. Fatos indicados na denúncia têm seu registro remetido aos anais de inquéritos já em andamento.

A própria delação se viu exposta a contestações judiciais, depois de se revelar que um membro do Ministério Público prestava assessoria aos executivos da JBS.

Na esfera política, o ex-procurador-geral Rodrigo Janot mereceu críticas pelo acordo de delação açodado e generoso em excesso.

Seis meses -para uma prática de corrupção e favorecimento que remonta há anos, décadas ou quem sabe séculos-é prazo curto.

Seis meses -para uma gangrena financeira, política e moral que compromete a fundo o sistema republicano- é tempo demais. Em especial quando os suspeitos, mergulhados muitas vezes num mar de evidências irrespondíveis, prosseguem em seus cargos, em suas práticas e em sua desfaçatez.

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