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Ex-diretor da UTC revela detalhes sobre pagamentos a políticos

Em 26 depoimentos à Procuradoria Geral da República, o ex-diretor financeiro da UTC Engenharia Walmir Pinheiro Santana, um dos delatores do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, deu detalhes do esquema de repasses de dinheiro a políticos feitos pela construtora. A TV Globo teve acesso à íntegra do material, que confirma acusações feitas pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, e revela novos detalhes sobre os interesses vinculados aos pagamentos. Julio Delgado Um dos nomes citados por Pinheiro é o do deputado federal Julio Delgado (PSB-MG). Em um dos depoimentos, o ex-diretor da UTC contou aos investigadores que, em julho de 2014, Ricardo Pessoa o procurou para que fizesse transferência para o comitê de campanha de Delgado no valor de R$ 150 mil. O repasse deveria ser feito em agosto daquele ano.

 
OPERAÇÃO LAVA JATO / PF investiga esquema de corrupção

“Que, não obstante, ficou implícito que o recebimento de valores estava relacionado corn a expectativa de que Julio Delgado aliviaria eventual ação da CPMI contra Ricardo Pessoa", diz trecho da delação de Pinheiro.

O deputado Júlio Delgado disse que nunca se reuniu com Walmir Pinheiro e que não conhece o ex-executivo da UTC.

Ele afirmou ainda que, por não conhecê-lo, não há sentido em Pinheiro concluir nada que esteja "implícito". Delgado acrescentou que votou no relatório paralelo da CPI que pedia o indiciamento de Ricardo Pessoa.

A assessoria de Julio Delgado afirmou que os R$ 150 mil foram repassados pela UTC à  conta do PSB em  Minas Gerais, que à época era presidido por Julio Delgado. Esse dinheiro foi distribuído pras campanhas de 16 candidatos a deputado e que nenhum centavo foi usado na campanha de Julio Delgado a deputado federal, segundo a assessoria.

José Dirceu Em outro depoimento, o ex-executivo da UTC confirma pagamento ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Ele reforça, assim como fez Ricardo Pessoa, que Dirceu teria recebido pagamentos por um contrato de consultoria mesmo quando estava preso, cumprindo pena no mensalão do PT.

Pinheiro acrescenta que o valor mensal repassado a Dirceu era de R$ 115 mil e que, mesmo enquanto o ex-ministro estava preso, a UTC e a empresa de consultoria assinaram dois aditivos a esse contrato.

"Luís Eduardo [irmão de Dirceu] foi algumas vezes na UTC tratar com o depoente [Walmir Pinheiro] sobre estes pagamentos, especialmente os aditivos; estes aditivos foram feitos quando José Dirceu estava preso: um realizado em 11 de fevereiro de.2013, outro em 11 de fevereiro de 2014, sendo que o contrato original é de 29 de fevereiro de 2012”, relata em depoimento.

Em nota, o advogado de José Dirceu, Roberto Podval, afirmou que "todos os pagamentos foram declarados e contabilizados e que o serviço foi prestado antes da prisão de José Dirceu."

"Como o pagamento foi parcelado, ainda havia dinheiro a ser recebido por Dirceu, mesmo ele estando preso", diz a nota.

Arthur Lira Walmir Pinheiro disse também que o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) foi pessoalmente à sede da empreiteira para receber R$ 1 milhão em espécie. O repasse foi solicitado por Ricardo Pessoa, segundo o ex-diretor da UTC.

O G1 tentou várias vezes na noite desta quarta-feira (13) falar com o deputado Arthur Lira e com o advogado dele, por meio dos celulares, mas não conseguiu contato.

Em um trecho do depoimento, Walmir Pinheiro disse que "se surpreendeu" ao verificar que, segundo ele, o próprio deputado foi buscar o dinheiro na sede da empresa. Pinheiro afirmou aos procuradores que esperava que Arthur Lira enviasse um emissário para buscar o dinheiro em seu nome.

O ex-diretor da UTC, o dinheiro estava na sala que ocupava na empresa e, devido ao volume, não cabia no cofre. Por isso, teria sido guardado em seu armário, segundo afirmou. Ele disse que entregou o dinheiro a Arthur Lira na sala de reunião da empreiteira.

* Colaboraram Lucas Salomão, do G1, em Brasília; Gabriel Delgado, Yvna Sousa e Murilo Salviano, da TV Globo e da GloboNews, em Brasília. / PORTAL G1

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