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Gilmar não se declara impedido para julgar Eike e critica Janot

BRASÍLIA — Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), apresentou à presidente da Corte, Cármen Lúcia, manifestação rebatendo os argumentos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que pediu a suspensão do ministro como relator do caso de Eike Batista, pelo fato de sua mulher trabalhar para um escritório de advocacia que presta serviços ao empresário. pedido foi feito por Janot no início do mês, após o ministro determinar a libertação do empresário, que estava preso preventivamente desde janeiro.

 

Já na primeira página de sua resposta, Gilmar cita um provérbio português provocativo: "Ninguém se livra de pedrada de doido nem de coice de burro. O ministro tem um histórico recente de embates com Janot.

 

O ministro já havia argumentando que o escritório presta serviços na área cível, e não penal, e que isso é permitido. A ministra Cármen Lúcia havia determinado que o ministro se manifestasse a respeito das imputações da procuradoria.

Para Gilmar, o pedido de Janot foi um "ataque pessoal" tanto a ele quanto a sua mulher, Guiomar. "O voluntarismo e a ousadia, estimulados por qualquer tipo de embriaguez, cegueira ou puro despreparo, não devem ser a força motriz de atos processuais. O instituto da arguição de impedimento foi usado como um ataque pessoal ao magistrado e, pior, à sua família", criticou.

O ministro também alegou que a distirbuição de casos no tribunal é feita de forma aleatória, e que a sugestão de que ele não estaria apto a julgar Eike mancha a imagem do Supremo.

"Não aceito a recusa. Os ministros não escolhem suas causas. É o aleatório, o andar do bêbado, representado pela distribuição processual, que define os relatores dos processos nesta Suprema Corte. Por isso mesmo, foi o acaso – e não minha vontade – que trouxe o habeas corpus em questão à minha relatoria. É excepcional a recusa de magistrados. O trabalho do juiz é julgar. Aceitar que as partes usem a recusa como meio para manchar a reputação do julgador é diminuir não só a pessoa do juiz, mas a imagem do Supremo Tribunal Federal e o ofício judicante como um todo", escreveu.

 

Outros dois argumentos técnicos foram utilizados: o não cumprimento do prazo do prazo de cinco dias para fazer o pedido e a falta de adequação do Código de Processo Civil ao caso.

Gilmar ainda criticou o fato de que a advogada Leticia Ladeira Monteiro de Barros, filha de Janot, trabalha na Braskem, que faz parte do Grupo Odebrecht.

"A ação do Doutor Janot é um tiro que sai pela culatra. Animado em atacar, não olhou para a própria retaguarda. As verdadeiras vítimas de sua imprudência foram as altas instituições do Supremo Tribunal Federal e da Procuradoria-Geral da República", afirmou, acrescentando que o procurador-geral atuou diretamente na delação da Odebrecht. O GLOBO





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