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Empreiteiras sorteavam quem iria ganhar licitação de obras em SP, diz delator

RODOVIAS

 

Um dos executivos da Odebrecht revelou que as empresas combinavam o valor das obras de estradas de São Paulo. O diretor de contatos da Odebrecht, Roberto Cumplido contou que as empreiteiras combinavam os preços das obras públicas do estado de São Paulo. No esquema, muitas empresas não queriam obras mais baratas. As empreiteiras organizaram então uma fila para cada uma pegar uma obra. Isso era feito em sorteio. As informações são do Jornal Hoje.

 

“Mais ou menos torno de 20 a 30 empresas que só se interessavam por obras acima de um determinado valor, porque se era um valor muito pequeno, ela não atendia, não conseguia, a gente não conseguia ter custo para executar uma obra dessas”, disse Cumplido.

“A gente participou de um sorteio, como se fosse um sorteio de bingo”, declarou Cumplido. “A gente tinha um número e esse número seria a ordem que você teria para tentar fazer um acordo de mercado para tentar pegar a obra. Existia assim: olha, o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) anunciou que vai fazer três obras na região noroeste de São Paulo. Quem estava com o número 1 era o primeiro. Quem estava com o número 2 era o segundo e quem estava com o número 3 era o terceiro.”

Uma dessas obras foi a rodovia SP-225, na região de Araraquara. O valor sugerido pelo governo foi considerado baixo pela empresa.

A solução encontrada foi aumentar o preço de todas as obras. "O valor de referência era R$ 36 milhões. No caso do meu preço foi R$ 41.184.000 e eu pedi às outras que dessem preços acima de R$ 41.200.000, por exemplo", disse o delator.

Roberto Cumplido diz que depois de ganhar a licitação foi procurado pelo então superintendente do der Mário Rodrigues Junior por um servidor que sabia que o preço estava superfaturado e queria uma parte do dinheiro.

 

“Ele falou: 'Aqui tem uma previsão... você deu um preço acima... tem uma previsão aqui para as campanhas’, a mesma conversa... ‘das campanhas de 4% para as campanhas eleitorais'. Eu conversei com ele e, não com medo de represália, mas com medo de atraso, nós concordamos com esse valor aí que era 4%”, disse Cumplido.

E segundo a delação, quando o então diretor de uma das regionais do DER, Mário Boschiero soube da denúncia, também quis uma parte da propina.

“No total, no custo da obra pra empresa tinha esses 5% que era 4% pro Mário... ...e 1% pro Mário Boschiero.”

O Jornal Hoje não conseguiu contato com Mário Rodrigues Junior nem com Mário Boschiero.

O DER disse que todos os contratos de obras realizadas pelo órgão foram devidamente aprovados pelo tribunal de contas do estado, incluindo a citada pelo delator Roberto Cumplido.

Em relação aos agentes mencionados, o der afirmou que apenas o engenheiro Mário Augusto Fattori Boschiero permanece no órgão. Segundo o DER, havendo participação efetiva de funcionários públicos em qualquer tipo de fraude, a posição é clara: que se aplique a lei, que sejam julgados e, se condenados, punidos. PORTAL G1

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