No depoimento dado por Marcelo Odebrecht aoTribunal Superior Eleitoral (TSE), ele afirmou que, na planilha da empreiteira, os itens "Italiano" e "pós-Itália" receberam, somados, o valor de R$ 300 milhões, negociados primeiro com o ex-ministro Antônio Palocci e depois com o ex-ministro Guido Mantega. Na empreiteira, "Italiano" era o apelido de Palocci e "pós-Itália" era usado para se referir a Mantega.



As informações sobre o depoimento de Marcelo Odebrecht foram obtidas pelo Blog junto a fontes que tiveram acesso à fala do ex-presidente da empreiteira.

Segundo Marcelo Odebrecht, a partir de 2011, a então presidente Dilma Rousseff definiu que quem trataria dos repasses da empreiteira seria Guido Mantega. Foi quando foi iniciada a conta "pós-Itália". Marcelo não trataria mais com Palocci.

Odebrecht disse ainda no depoimento que, em 2013, ele e Mantega acertaram numa conversa apoio para a campanha de 2014. Ficou definido um valor de R$ 100 milhões, mais R$ 50 milhões que havia de saldo, referentes a uma contrapartida da aprovação da medida provisória do Refis, de 2009, que beneficiou o grupo Odebrecht. Segundo Marcelo, o pagamento foi negociado diretamente por Mantega. 


Pela cronologia apresentada por Marcelo Odebrecht, em março de 2014 havia um saldo de R$ 150 milhões com o PT, que poderia ser utilizado para qualquer tipo de pagamento, não só relacionado à campanha presidencial. Segundo ele, o dinheiro nem precisava ser usado em período eleitoral.


Marcelo Odebrecht disse que, em 2014, recebeu um pedido de Mantega para pagar o marqueteiro de campanhas do PT João Santana. Odebrecht disse que não recorda o valor. Ele falou em R$ 20, R$ 30 ou R$ 40 milhões, sem especificar se a dívida era da campanha para as eleições 2014. mas confirmou que se tratava de pagamentos não oficiais (caixa 2).

Dilma sabia de repasses a João Santana


Segundo Odebrecht, Dilma não sinalizava que sabia dos pagamentos de propinas/doações "não oficiais". No entanto, ele disse que a ex-presidente sabia até da dimensão dos valores, porém não da forma do pagamento. Odebrecht afirmou que ela sempre se colocou distante do assunto doações, mas que sabia dos pagamentos a João Santana.

Segundo Odebrecht, esses pagamentos eram realizados ora em espécie (maior parte) ora em depósitos em contas no exterior.

Marcelo disse que uma vez se encontrou com Mônica Moura, esposa de João Santana, e falou que a conta em que transferiu valores para o casla poderia estar "contaminada" com pagamentos de propina.

O ex-presidente da Odebrecht afirmou ainda que as informações precisas sobre a operacionalização dos pagamentos podem ser conseguidas com os ex-executivos da empresa Alexandrino Alencar e Hilberto Silva.


Jantar com Temer para aperto de mãos

Segundo palavras de Marcelo Odebrecht, o jantar no Palácio do Jaburu com o então vice-presidente Michel Temer foi um evento para um "aperto de mãos". O empreiteiro chegou a usar a expressão em inglês, "handshake".

Ele disse ainda que não houve pedido de doações vindo de Temer. 

Odebrecht afirmou que foi acordado com o ministro Eliseu Padilha um repasse de R$ 10 milhões para apoio de alguns candidatos do PMDB ligados ao grupo de Temer. G1