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Lava Jato vai da cozinha à sala de estar do PT

Danilo Verpa/Folha

A Lava Jato, que havia ingressado no PT pela entrada de serviço, chegou à sala de estar. Forçava a porta desde a prisão de José Dirceu. Arrombou-a com a conversão de Lula em réu. Agora, levanta o tapete que esconde a sujeira administrada pelos ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega. Escapam pelas bordas contas secretas, pacotes, fraudes e transações legislativas.

Preso nesta segunda-feira, Antonio Palocci é um companheiro de mostruário. Teria sido presidente da República no lugar de Dilma não fosse sua mania de viver perigosamente. Quando escalou as manchetes nacionais, em 2002, Palocci já trazia atrás de si um rastro de transações pegajosas do tempo em que fora prefeito de Ribeirão Preto.

Guindado à chefia da pasta da Fazenda, domou a febre especulativa que ameaçava a estabilidade da economia na transição do ocaso de FHC para o alvorecer de Lula. Quando parecia consolidar-se na fila das opções presidenciais, foi arrancado do pedestal, em 2006, por um escândalo em que se misturavam o lixo mal administrado de sua ex-prefeitura, grampos, dinheiro por baixo da mesa e amigos que haviam fundado numa casa alugada em Brasília a República de Ribeirão Preto.

Palocci jurou várias vezes que não frequentara a sucursal brasiliense de Ribeirão, onde negócios eram tançados em meio aos lençóis. Foi desmentido pelo caseiro Francenildo. Demitido, foi pedir votos em São Paulo. Jamais retornaria à lista de presidenciáveis do PT. Porém, eleito deputado federal, livrou-se da acusação de quebra do sigilo bancário do caseiro, num julgamento que não honra as melhores tradições do Supremo Tribunal Federal.

A Lava Jato informa que, dentro ou fora do governo, Palocci manteve-se à frente de sua  missão estratégica de cupido das boas relações do PT com o empresariado que se encantou com o socialismo companheiro. Em determinados momentos, teve o auxílio luxuoso de Guido Mantega. Mas não perdeu o protagonismo. Apenas com a Odebrecht, imforma a força-tarefa de Curitiba, Palocci geriu uma espécie de “conta corrente” que sorveu do Estado R$ 128 milhões em propinas.

A verba suja escorreu inclusive no ano de 2011, quando Palocci teve uma passagem relâmpago pela Casa Civil de Dilma. Caiu antes de fazer aniversário de seis meses na função, quando os repórteres Andreza Matais e José Ernesto Credendio noticiaram que acumulava um patrimônio incompatível com seus contracheques. Coisa de R$ 7,5 milhões. Dinheiro de troco, perto do que se descobriria depois. Alegou ter enriquecido com o trabalho de sua empresa de consultorias.

A exemplo de José Dirceu, Palocci naufragou no socialismo à moda petista, com excesso de capital. Os investigadores avançam agora da sala de estar em direção ao porão do PT, onde estão guardados os segredos da caixa das campanhas de Dilma e da prosperidade da ex-presidência de Lula. JOSIAS DE SOUZA

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