STF forma maioria para manter prisão de ‘Careca do INSS’ e de Maurício Camisotti
Por Camila Turtelli — Brasília / O GLOBO
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria neste domingo para manter as prisões preventivas de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", e do empresário Maurício Camisotti. O relator, ministro André Mendonça, foi o primeiro a votar pela continuidade da medida, e foi acompanhado por Edson Fachin e Nunes Marques. O ministro Gilmar Mendes se declarou impedido de participar do julgamento, enquanto ainda falta o voto do ministro Dias Toffoli.
O caso é analisado no plenário virtual da Segunda Turma. Cada integrante insere o voto no sistema eletrônico até o dia 3 de outubro, prazo final para a conclusão do julgamento. Como já há maioria formada, a tendência é que a decisão pela manutenção da prisão seja confirmada, salvo pedido de vista ou destaque que leve a análise ao plenário físico.
Antunes está preso desde 12 de setembro, alvo da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que apura um esquema de fraudes em aposentadorias e pensões do INSS. Ele é apontado como operador central do desvio de recursos de associações de aposentados e pensionistas, por meio de dezenas de empresas ligadas ao seu nome. Segundo a PF, pessoas físicas e jurídicas relacionadas a ele movimentaram mais de R$ 50 milhões e repassaram valores a servidores da autarquia.
Na CPI do INSS, no Congresso, Antunes negou envolvimento em irregularidades, afirmou que é “empreendedor nato” e classificou sua prisão como “fundamentada em mentiras”. Investigadores, porém, destacaram indícios de risco de fuga: além de viagens frequentes ao exterior, ele teria adquirido um imóvel nos Estados Unidos pouco antes da operação. Relatórios anexados ao inquérito também mencionam veículos de luxo e movimentações financeiras em paraíso fiscal.
Maurício Camisotti, por sua vez, é investigado como beneficiário direto das fraudes e apontado como sócio oculto de entidades ligadas às associações que promoveram os descontos indevidos. A Polícia Federal sustenta que tanto ele quanto Antunes tinham papel essencial no funcionamento do esquema, razão pela qual defendeu a manutenção da prisão preventiva de ambos.