De olho no futuro
Merval Pereira / o globo
O ministro Luiz Fux não está votando no sentido de absolver o ex-presidente Bolsonaro e seus associados, mas com o objetivo de garantir que, um dia no futuro, o julgamento venha a ser anulado. Pela lógica, ele deveria absolver todos os acusados, pois levantou a nulidade absoluta do julgamento. Mas todos acham que ele votará pela condenação dos réus, divergindo ainda na dosimetria final.
O ministro Fux está rompendo a unidade da Turma, o que seria desejável para o relator Alexandre de Moraes. Mas não parece estar disposto a ir até o fim, confrontando a maioria previsível pela condenação.
Não foi à toa que Fux citou indiretamente o caso do Petrolão, que terminou anos depois com a aceitação pelo STF da tese do então advogado Cristiano Zanin de que a jurisdição correta para o julgamento do então ex-presidente Lula não seria Curitiba, que o então juiz Sergio Moro presidia.
Zanin hoje preside a Turma que julga Bolsonaro, o que demonstra como os ventos jurídicos podem mudar como mudam os ventos políticos.
Ministro Luiz Fux na primeira turma no julgamento da trama golpista — Foto: Gustavo Moreno/STF