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Moro afirma que quadro de corrupção sistêmica é ‘desalentador’

sergio moro

 

 

CURITIBA — Depois de defender a proposta das “Dez medidas contra a corrupção” em audiência no Congresso nesta quinta-feira, o juiz Sérgio Moro afirmou que o quadro de corrupção no país é “desalentador”. Em palestra à noite na Escola da Magistratura Federal do Paraná (Esmafe-PR), o juiz defendeu mudanças na legislação.

 

— É um quadro desalentador, um quadro de corrupção sistêmica, que é mais preocupante, porque envolve pagamento de propina como algo rotineiro e natural. Estamos falando em números superlativos, pagos aos milhões de reais. E o lado mais perturbador é que eram direcionados não só a agentes da Petrobras, mas a agentes políticos e partidos — afirmou Moro citando a Lava-Jato.

 

Moro destacou que, apesar de haver desconfianças, há chances de reverter o cenário de corrupção no país. Citando a transição da ditadura para a democracia, o combate à hiperinflação e avanços nas áreas sociais nos últimos dez anos, o juiz afirmou que o país pode reverter o quadro de corrupção sistêmica.

— Todos acreditávamos que esses quadros faziam parte da natureza do Brasil, mas, como nas outras ocasiões, hoje estamos num momento de mudança desse quadro de corrupção que talvez víamos no passado como algo natural – apontou o juiz.

 

O juiz detalhou de forma técnica alguns dos pontos das “Dez Medidas Contra a Corrupção”, de autoria do Ministério Público Federal e que está em trâmite no Congresso Nacional. Uma das medidas que ele considerou de maior relevância é a criminalização do caixa dois das campanhas eleitorais.

— As eleições tem que ser limpas. Dinheiro não contabilizado significa burlar as regras da eleição — disse.

 

Apesar disso, ele considerou que alguns dos pontos do projeto são polêmicos e devem ser melhor discutidos no âmbito do Legislativo. O magistrado disse ainda que saiu satisfeito da audiência que ocorreu nesta quinta-feira na Câmara dos Deputados. Ele relatou que ouviu expressamente de parlamentares que as medidas devem ser votadas até o final do ano.

 

— Esperamos que o projeto seja aprovado e que não seja desmantelado ou descaracterizado. Pelo menos pelo que ouvi hoje na Câmara dos Deputados, houve manifestações expressas dos deputados para dar solução para esses problemas — finalizou.

 

A palestra de Moro fez parte da sua aula inaugural do segundo semestre da Escola da Magistratura Federal do Paraná (Esmafe-PR), da qual faz parte. Cerca de 100 pessoas acompanharam a fala do juiz. Além de juízes, o evento contou com a presença de alunos, professores e diretores da Apajufe.

No início do evento, Moro e outros dirigentes da Apajufe e da Esmafe receberam homenagens das mãos do juiz federal André Luiz Bäuml Tesser, diretor da Escola. Tesser descreveu Moro como o “maior patrimônio da Justiça Federal”.

 

— Ele respeita e resguarda o direito das pessoas, mas quer garantir que ninguém esteja acima da lei ou que se coloquem acima da lei — elogiou o magistrado. O GLOBO




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