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CASO DAS Joias sauditas: Michelle Bolsonaro escapa de indiciamento da PF

Por  / O GLOBO

 

 

Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira (4) o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid no inquérito das joias sauditas pelos crimes de apropriação de bens públicos (peculato), lavagem de dinheiro e associação criminosa. Mas a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que também foi investigada pela PF e foi citada durante a apuração do caso, conseguiu escapar.

 

Isso porque, conforme adiantamos no início de junho, a PF não conseguiu reunir elementos suficientes para recomendar o indiciamento de Michelle, atual presidente da setorial feminina do Partido Liberal (PL).

 

Uma servidora do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência chegou a declarar à PF que a então primeira-dama havia recebido pessoalmente e em mãos um dos kits de joias enviados pelo governo da Arábia Saudita.

 

Os investigadores, porém, não reuniram provas de que Michelle tinha conhecimento, autorizou ou foi conivente com a operação ilegal.

 

Dois kits de joias e relógios recebidos como presente do governo saudita foram trazidos para o Brasil no final de 2021 pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e auxiliares.

 

Um deles foi retido pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). O outro passou despercebido pelas autoridades, não foi registrado no patrimônio da Presidência da República e foi mantido em um cofre do Ministério de Minas e Energia até novembro de 2022, pouco mais de um ano desde a chegada ao Brasil e um mês após a derrota de Bolsonaro para Lula.

 

Foram essas as joias entregues em mãos para Michelle. O conjunto dispunha de um relógio da grife suíça Chopard, uma caneta, um par de abotoaduras e um masbaha (um tipo de rosário islâmico).

 

Um terceiro kit foi entregue em mãos a Bolsonaro em 2019 durante outra viagem à Arábia Saudita. Neste caso, as joias foram guardadas em um galpão pertencente ao ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet em Brasília e levadas por Bolsonaro ao deixar o país às vésperas da posse de Lula rumo aos Estados Unidos.

 

Entre os itens do conjunto estava o Rolex cravejado em diamantes vendido nos EUA pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid e recomprado pelo advogado Frederick Wassef.

 

Outras dez pessoas foram indiciadas pela PF nesta quinta-feira por diferentes crimes no âmbito das joias sauditas, inclusive Wassef, que responderá por lavagem de dinheiro e associação criminosa.

 

Os outros são o ex-ministro Bento Albuquerque (peculato e associação criminosa), o ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) Fabio Wajngarten, que também é advogado de Bolsonaro, e o pai de Mauro Cid, o general Mauro Cesar Lourena Cid, ambos por lavagem de dinheiro e associação criminosa.

 

Completam a lista o coronel Marcelo Costa Câmara (lavagem de dinheiro) e o segundo-tenente Osmar Crivelatti (lavagem de dinheiro e associação criminosa), ambos ex-assessores do ex-presidente; José Roberto Bueno Júnior, ex-chefe de gabinete do ministro Albuquerque (peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa); Marcos André dos Santos Soeiro, ex-assessor de Albuquerque (peculato e associação criminosa); Julio Cesar Vieira Gomes, ex-secretário da Receita Federal (advocacia administrativa, peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro); e Marcelo da Silva Vieira, chefe do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República no governo Bolsonaro (peculato e associação criminosa).

 

Ainda sob a mira da PF

O fato de Michelle não ser indiciada nesse inquérito das joias, porém, não quer dizer que ela não tenha razões para se preocupar.

 

A ex-primeira-dama ainda é alvo de outra investigação, que apura o uso irregular do cartão corporativo da Presidência da República, e no material há extratos e outros documentos que podem complicar a vida dela.

 

Essa apuração, porém, não deve ser concluída tão cedo. Ela não está na lista de prioridades da PF, que logo depois do caso das joias vai finalizar o da trama golpista.

 

Michelle é cotada para disputar o Senado Federal pelo Distrito Federal em 2026 e tem sido incluída em pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República – embora o marido e ex-presidente Jair Bolsonaro e o partido do casal, o PL, rechacem essa possibilidade.

 

 
 
 

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