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Aliados de Bolsonaro criticam indiciamento; Flávio e Valdemar atacam a PF

Por — Brasília / O GLOBO

 

 

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticaram o indiciamento dele no inquérito que apura o desvio de joias do acervo presidencial. Os crimes atribuídos são de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caberá agora à Procuradoria-Geral da República decidir se oferece denúncia ou pede o arquivamento do caso. Além de Bolsonaro, o seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outras dez pessoas foram indiciadas. O primogênito do ex-mandatário, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, fizeram duras críticas à Polícia Federal (PF).

 

Valdemar disse que "a PF tem que prender traficantes e não Bolsonaro". Flávio, por sua vez, disse que os policiais envolvidos na ação "ainda sentarão no banco dos réus". Um dos seus advogados e aliados mais próximos, Fábio Wajngarten, que também foi indiciado, disse ter sido injustiçado.

 

— Esse pequeno grupo de policiais que estão se sujeitando a usar a máquina pública para perseguir inocentes, um dia, ainda vão sentar no banco dos réus. No caso das joias sequer há crime — disse Flávio ao GLOBO.

 

No X (antigo Twitter), o parlamentar falou em "perseguição".

"A perseguição a Bolsonaro é declarada e descarada! Alguém ganha um presente, uma comissão de servidores públicos decide que ele é seu. O TCU questiona e o presente é devolvido à União. Não há dano ao erário! Aí o grupo de PFs, escalados a dedo pra missão, indicia a pessoa", publicou.

Já Valdemar aposta que o caso será arquivado e descarta um impacto eleitoral nas eleições deste ano.

 

— Isto (o indiciamento) é uma bobagem, só levanta o Bolsonaro eleitoralmente. O eleitor dele é esclarecido e entende a perseguição política que vem sofrendo. Não tenho dúvidas de que isto será arquivado. A Polícia Federal tem que cuidar é de traficantes e por ordem na casa, e não focar no ex-presidente — afirmou.

 

Wajngarten se defendeu nas redes sociais:

"O meu indiciamento pela Polícia Federal se baseia na seguinte afronta legal: advogado, fui indiciado porque no exercício de minhas prerrogativas, defendi um cliente, sendo que em toda a investigação não há qualquer prova contra mim. Sendo específico: fui indiciado pela razão bizarra de ter cumprido a lei! Continuarei com meu trabalho advocatício e recorrerei à OAB para garantir meu direito constitucional de trabalhar sem intimidações e sem sofrer lawfare de natureza política".

 

Ele também se referiu à Polícia Federal.

 

"Também recorrerei a todas as instâncias da Justiça para conter o abuso de poder e essa atitude arbitrária de um integrante da PF, que não pode ser confundido com a corporação como um todo. Portanto, a iniciativa da Polícia Federal de pedir meu indiciamento no caso dos presentes recebidos pelo ex-presidente é arbitrária, injusta e persecutória", completou.

 

Organização criminosa

A PF aponta a existência de uma organização criminosa no entorno de Bolsonaro que supostamente atuou para desviar joias, relógios, esculturas e outros itens de luxo recebidos por ele como representante do Estado brasileiro.

 

Em depoimento à PF, no ano passado, Wassef já havia informado ser de Wajngarten o pedido para operacionalização da recompra de um Rolex dado a Bolsonaro por autoridades durante uma visita à Arábia Saudita e ao Catar, em 2019.

 

O item foi posteriormente levado à joalheira Precision Watches, na cidade de Willow Grove, na Pensilvânia, onde foi vendido ilegalmente por Mauro Cid, de acordo com as investigações

 

No acordo de cooperação internacional firmado com o Federal Bureau of Investigation (FBI), o Departamento Federal de Investigação, inclusive, a PF recebeu uma troca de emails que mostra Cid informando a loja americana sobre a recompra do relógio que seria feita por Wassef.

 

Ao comparecer à PF para prestar depoimento sobre o caso, Bolsonaro optou por ficar em silêncio. Em outras ocasiões, o ex-presidente negou ter ordenado ou participado de negociações sobre as joias.

 

Também à PF, Wassef confirmou ter recomprado o relógio e Câmara também optou por ficar em silêncio. Cid firmou um acordo de colaboração premiada em que dá detalhes do suposto esquema. Já Wajngarten informou à imprensa ter atuado tão somente na área de comunicação.

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