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Acusação grave pede resposta à altura

Em seu primeiro depoimento de delação premiada na Operação Lava Jato, o lobista Zwi Skornicki disse que dinheiro de caixa dois irrigou a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014. Ex-diretor do estaleiro Keppel Fels, um fornecedor da Petrobras, Skornicki foi preso em fevereiro pela Lava Jato. No dia 8 de junho, assinou um acordo de delação premiada e começou a falar.

O delator disse que João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, lhe pediu US$ 4,5 milhões, sem registro, para a campanha presidencial. O dinheiro, afirma, foi depositado numa conta na Suíça em favor de João Santana, marqueteiro da campanha de Dilma. É uma história muito parecida com a que contou Mônica Moura, mulher de Santana, ao admitir que recebeu via caixa dois dinheiro da construtora Odebrecht. O caixa dois na campanha presidencial, se confirmado, poderá reforçar o processo de cassação da presidente – e talvez do vice, Michel Temer – por crime eleitoral, a despeito do que ocorrer com o processo de impeachment no Senado.

Diante de uma acusação tão grave, esperava-se uma resposta clara e categórica da presidente. Dilma apenas divulgou uma nota em que classifica as acusações de Skornicki de “mentirosas e levianas”.São os mesmos adjetivos atribuídos em maio à delação de Delcídio do Amaral, ex-líder do governo no Senado. Adjetivos não bastam para desqualificar depoimentos que podem vir a ser corroborados por documentos e por outros depoimentos. Há um ano, Dilma disse: “Não respeito delator”. À medida que levam a provas e novas testemunhas, as delações são instrumentos importantes para fazer justiça.

Dilma afirma que “os recursos pagos a João Santana para a campanha da reeleição em 2014 totalizam R$ 70 milhões – R$ 50 milhões no primeiro turno e R$ 20 milhões no segundo turno”. Esses são os valores declarados ao TSE. Não estão em questão. As questões são: esse dinheiro declarado legalmente teve origem ilegal? Além do dinheiro declarado, houve caixa dois? Documentos e depoimentos reunidos pelo Ministério Público sugerem que sim. A Operação Lava Jato também recolheu várias evidências de que as doações eleitorais estavam servindo para legalizar dinheiro de propinas de esquemas de corrupção.

Na nota, Dilma diz que as acusações de Skornicki, divulgadas pela imprensa, têm origem em “delações vazadas seletivamente” pela Justiça. Ao atacar vazamentos, a presidente tenta confundir o público. Apurar e punir o vazamento de depoimentos cabe a corregedores. A presidente perde assim a oportunidade de se concentrar no principal: as acusações procedem? Repete a estratégia, até aqui fracassada, de sua defesa no processo de impeachment. VEJA

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