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Trama para barrar delação de Cerveró é tipicamente mafiosa, diz Janot

Janot

BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, citou no pedido de prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS) a existência de um "componente diabólico" na trama empreendida para barrar a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. A interpretação de Janot diz respeito ao acordo financeiro desenhado para abastecer a família do ex-diretor com propina, de forma que menções a Delcídio e ao dono do BTG Pactual, André Esteves, ficassem de fora da delação. Pelo acordo, expresso nas conversas gravadas por Bernardo Cerveró, filho do ex-executivo da Petrobras, um contrato de prestação de serviços seria simulado entre o BTG e Edson Ribeiro, advogado do ex-diretor da Petrobras que também teve decretado o pedido de prisão nesta quarta-feira. Os "honorários" recebidos por Ribeiro seriam repassados aos familiares de Cerveró mensalmente.

"Há, aí, o componente diabólico de embaraço à investigação: ultimado o acordo financeiro, Nestor Cerveró passaria a enfrentar dificuldades praticamente intransponíveis para conciliar-se com a verdade. Seu silêncio compraria o sustento de sua família, em evocação eloquente de práticas tipicamente mafiosas", afirma Janot no pedido de prisão de Delcídio, autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki e cumprido pela Polícia Federal (PF) no começo da manhã desta quarta.

Janot pediu a prisão preventiva de Delcídio, que acabou citado na delação de Cerveró como beneficiário de propina na compra da refinaria de Pasadena, no Texas. O procurador-geral sugeriu a Teori, caso não determinasse a prisão, outras duas possibilidades: "suspensão do exercício do mandato eletivo até que ultimados os aportes de colaboração premiada de Nestor Cerveró" ou "uso de dispositivo pessoal de monitoramento eletrônico (tornozeleira)".

Janot também sugeriu que Delcídio não mantivesse mais qualquer contato com Esteves e seu chefe de gabinete no Senado, Diogo Ferreira Rodrigues – todos eles presos pela PF nesta quarta. O procurador sugeriu ainda que o senador não mantivesse mais contato com Edson Ribeiro, advogado de Cerveró, que também teve o pedido de prisão decretado, mas ainda não foi preso, pois estaria fora do país:

"(A suspensão do exercício do mandato seria) condição essencial para que o congressista deixe de ter meio de influência no conteúdo dos depoimentos. A tornozeleira, por sua vez, seria indispensável para a Justiça acompanhar os itinerários do congressista, a fim de poder atuar a tempo para que ele não prossiga nas tratativas que vinha entabulando nem que passe a concertar retaliação", afirma o procurador.

Teori, no entanto, optou pela prisão cautelar de Delcídio, preso na manhã desta quarta, em Brasília, no flat onde mora. Também foram presos seu chefe de gabinete e dono do BTG Pactual, André Esteves.

 O GLOBO

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