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Lava Jato descobre os caminhos de R$ 6 milhões do PT a empresário de Santo André

Procuradores apontam, em denúncia por lavagem de dinheiro, que dinheiro emprestado do Banco Schahin por amigo de Lula teve como destinatário empresário de Santo André que teria extorquido o partido após assassinato de Celso Daniel

 

Ronan Maria Pinto. Foto: Beto Barata/AE

Ronan Maria Pinto. Foto: Beto Barata/AE

A força-tarefa da Lava Jato denunciou nesta sexta-feira, 6, o empresário do setor de transportes de Santo André, no ABC paulista, Ronan Maria Pinto pelo crime de lavagem de R$ 6 milhões provenientes de um ’empréstimo fraudulento’ do PT de outubro de 2004, via pecuarista José Carlos Bumlai, com o Banco Schahin.

O Ministério Público Federal acusa o executivo de lavagem de dinheiro ao articular um complexo esquema para receber o dinheiro que teria envolvido membros do PT, um frigorífico e um empresário do Rio.

A denúncia cita uma das mais polêmicas páginas da história do PT, o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em janeiro de 2002. Os procuradores afirmam que Ronan teria se encontrado em 2004 com o então secretário-geral do PT, Silvio Pereira e o operador do Mensalão condenado pelo Supremo Tribunal Federal Marcos Valério e o jornalista Breno Altman.

“Durante a reunião, Ronan Maria Pinto explicou aos presentes que precisava de R$ 6 milhões para comprar o Jornal Diário do ABC que estava divulgando notícias que o vinculavam à morte do prefeito Celso Daniel”, relata a denúncia.

A partir daí, teria sido articulado um esquema de transferências diretas e indiretas envolvendo empresários e operadores que fizeram os R$ 6 milhões chegarem a Ronan, que acabou adquirindo o jornal.

Os R$ 6 milhões representam a metade do um total de R$ 12 milhões que foram repassados pelo Banco Schahin a José Carlos Bumlai, amigo pessoal do ex-presidente Lula. Ele fez a operação como ‘representante’ do PT. Este empréstimo já foi alvo de acusação feita pelo Ministério Público Federal em dezembro de 2015.

A denúncia apresentada nesta sexta-feira, 6, é um desdobramento dos fatos apurados anteriormente.

A partir das investigações, foi constatado que R$ 6 milhões daquele total de R$ 12 milhões tiveram como destinatário final o empresário do município de Santo André (SP). Segundo evidências levantadas durante as investigações e informações prestadas em depoimentos, toda a operação para transferir o dinheiro tinha como objetivo ocultar o pagamento de vantagem indevida em benefício de Ronan que estaria extorquindo representantes do PT, afirma a Procuradoria.

Os investigadores descobriram os rastros do dinheiro. O valor total do empréstimo junto ao Banco Schahin, de R$ 12 milhões, foi transferido de Bumlai para a conta bancária do Frigorífico Bertin. Na sequência, o responsável no frigorífico repassou a quantia de R$ 6 milhões para a Remar Agenciamento e Assessoria Ltda, de Oswaldo Rodrigues Vieira Filho, empresário do Rio de Janeiro que já havia sido indicado por outros membros do esquema.

“Com os valores na conta da Remar, Vieira Filho promoveu transferências diretas e indiretas, seja em depósitos para a Expresso Nova Santo André, empresa de ônibus controlada por Ronan, ou para outras pessoas físicas e jurídicas que foram indicadas pelo empresário para receber os valores escusos”, diz a Procuradoria.

Para a Expresso Nova Santo André, foram repassados R$ 2.943.407,91. Ao receber este recurso, a empresa realizou transferências que totalizaram R$ 1,2 milhão para a conta de um dos acionistas do Diário do Grande ABC como pagamento pela compra das ações do jornal.

O acionista do periódico também recebeu uma transferência direta da Remar de R$ 210 mil como parte do pagamento pela venda do jornal. De acordo com depoimentos, Ronan decidiu adquirir o veículo de comunicação para interromper a publicação de notícias que ligavam seu nome ao assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André.

Também foram identificados dois repasses da Remar, feitos a pedido de Ronan, para a Mercedez Benz, totalizando R$ 1.387.500,00, e outros três repasses que somaram R$ 1.132.661,30 para a Induscar Indústria e Comércio de Carrocerias. Conforme apontaram as investigações, as duas empresas eram fornecedoras de veículos e equipamentos para outra empresa de Ronan, a Interbus Transporte Urbano e Interurbano Ltda.

Nesta denúncia, os procuradores pedem que seja fixado o valor mínimo de reparação dos danos causados pelo crime no montante de R$ 6 milhões. O ESTADO DE SP

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