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Lava Jato denuncia Gim, Odebrecht, Valério, Delúbio, Ronan e mais 15

Gim Argello (à esq.) e Ronan Maria Pinto. Fotos: Dida Sampaio e Joedson Alves/Estadão

Gim Argello (à esq.) e Ronan Maria Pinto. Fotos: Dida Sampaio e Joedson Alves/Estadão

Em duas denúncias criminais divulgadas nesta sexta-feira, 6, o Ministério Público Federal acusa 20 investigados de duas fases da Operação Lava Jato. Em uma das denúncias, entre os novos acusados por corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução à investigação, estão o ex-senador Gim Argello (PTB-DF), os empreiteiros Marcelo Odebrecht (Odebrecht), Ricardo Pessoa (UTC Engenharia) e Léo Pinheiro (OAS) e outros seis investigados.

Segundo a Procuradoria da República, o ex-senador ‘solicitou e recebeu pagamentos indevidos para interferir nos trabalhos de CPIs no ano de 2014′.

Gim Argello foi preso em 12 de abril, na Operação Vitória de Pirro, 28º fase da Lava Jato.

“Ficou comprovado que o ex-senador e pessoas próximas, em conluio com dirigentes de empreiteiras envolvidas no megaesquema criminoso instalado na Petrobrás acertaram e promoveram o pagamento de vantagens indevidas entre os meses de abril e dezembro de 2014 com o objetivo de obstruir os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada no Senado e da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Senado e na Câmara dos Deputados”, diz nota da força-tarefa.

As CPIs haviam sido abertas para investigar supostos crimes contra a Petrobrás. A Procuradoria informa que constatou que houve acerto de pagamento de propina para evitar a convocação de empreiteiros para prestarem depoimento. Gim Argello era membro da CPI do Senado e vice-presidente da CPMI.

“A ideia era cobrar o montante de R$ 5 milhões de cada uma das empreiteiras envolvidas”, afirma o Ministério Público Federal.

Na outra denúncia, são acusados de lavagem de dinheiro de R$ 6 milhões o empresário Ronan Maria Pinto, de Santo André, e mais 8 investigados, entre eles o publicitário Marcos Valério – operador do Mensalão, além do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Segundo a força-tarefa, Ronan Maria Pinto ‘está entre os beneficiários de empréstimo fraudulento feito junto ao Banco Schahin em favor do PT’.

O empresário de Santo André foi preso na Operação Carbono 14 – desdobramento 27 da Lava Jato.

Para os investigadores, os R$ 6 milhões fazem parte de um total de R$ 12 milhões emprestados pelo Schahin ao pecuarista José Carlos Bumlai, em outubro de 2004. O próprio Bumlai afirmou à Polícia Federal que o dinheiro foi destinado ao PT. Na época, Delúbio Soares – condenado no Mensalão – era o tesoureiro do partido.

DENÚNCIA I

Jorge Afonso Argello (Gim Argello)

Jorge Afonso Argello Junior (filho de Gim Argello)

Paulo César Ramos Roxo Ramos

Valério Neves Campos

José Adelmário Pinheiro Filho

Roberto Zardi Ferreira

Dilson de Cerqueira Paiva Filho

Ricardo Ribeiro Pessoa

Walmir Pinheiro Santana

Marcelo Bahia Odebrecht

Claudio Melo Filho

DENÚNCIA II

Ronan Maria Pinto

Sandro Tordin

Marcos Valério

Enivaldo Quadrado

Luiz Carlos Casante

Breno Altman

Natalino Bertin

Oswaldo Rodrigues Vieira Filho

Delúbio Soares

As defesas de Valério Neves e Paulo Roxo não foram localizadas para comentar o caso. A reportagem entrou em contato com o escritório do advogado Marcelo Bessa e deixou recado, mas ele estava em audiência e não retornou aos contatos. A reportagem também tentou contato telefônico durante todo o dia e deixou recado no celular do advogado de Marcos Valério, que não retornou os contatos. Também foi encaminhado e-mail ao jornalista Breno Altman, que não respondeu ao contato da reportagem ainda.

COM A PALAVRA, A OAS:

A OAS não comentará o assunto.

COM A PALAVRA, A ODEBRECHT:

“A empresa não se manifestará sobre o tema”.

COM A PALAVRA, A UTC:

“A UTC não comenta investigações em andamento.”

COM A PALAVRA, A DEFESA DE RONAN MARIA PINTO:

“Após ouvir as explanações dos promotores no dia de hoje, a defesa do empresário Ronan Maria Pinto declara-se muito satisfeita já inicialmente com a justa exclusão do descabido crime de extorsão, feita desde a propositura da ação penal, e que chegou a ser aventado no início da operação que o levou à prisão.

A acusação criminal formalmente apresentada hoje, de crime financeiro, será devida e documentalmente afastada assim que a defesa puder apresentar e comprovar a prática de atos totalmente lícitos da parte do empresário em todas as operações financeiras enumeradas no processo, e realizadas sem a utilização de recursos públicos.

Mais uma vez ressaltando não haver motivos para o envolvimento do empresário na Operação Lava Jato, informamos ainda que será imediatamente pleiteada a revogação de sua prisão. A partir de agora, Ronan Maria Pinto não mais responde por crime com emprego de violência ou grave ameaça às investigações, e o que seria a única justificativa para a manutenção do seu cárcere.

Sem mais, atenciosamente,

Dr. Fernando José da Costa
São Paulo, 6 de maio de 2016 ”

COM A PALAVRA, O GRUPO SCHAHIN:

A empresa informou que não vai se manifestar sobre o assunto.

COM A PALAVRA, O JORNALISTA BRENO ALTMAN:

“A denúncia do Ministério Público, no que diz respeito a minha suposta participação no caso investigado, não apresenta quaisquer provas ou indícios.

Como posso ser suspeito por lavagem de dinheiro se não há qualquer fato que me relacione às operações financeiras citadas?

O documento dos procuradores, no que me diz respeito, se apoia exclusivamente em depoimento de um condenado, o sr. Marcos Valério, cuja delação premiada foi negada pela própria PGR em 2012, em função de suas mentiras contumazes.

Triste ainda é ver que o MPF nem sequer deixou claro que os fatos narrados na denúncia são apenas a versão do ex-publicitário, transcritos como se fossem verdades irrefutáveis. Oxalá o juiz Moro ponha um fim a este atropelo, indeferindo acusação sem lastro.” O ESTADO DE SP

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