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Fuga de depoimento carboniza imagem de Lula

A pretexto de socorrer Lula, o deputado federal petista Paulo Pimenta (RS) obteve asuspensão do depoimento que o ex-presidente e sua mulher Marisa Letícia prestariam nesta quarta-feira ao Minsitério Público de São Paulo sobre o célebre triplex do Guarujá. Juricamente, foi um feito. Politicamente, um desastre.

Lula sempre foi visto pelos devotos que o seguem como um mito. Ao fugir dos questionamentos do promotor Cassio Conserino, a quem acusa de perseguição, portou-se como alguém que descobriu que também está sujeito à condição humana. Potencializou, de resto, a impressão de que não dispõe de uma defesa consistente.

Na fase em que ainda tocava trombone sob o telhado de vidro, Lula se compartava como um homem que lambe o dedo depois de enfiá-lo num favo de mel. Visitou o triplex ciceroneado por Léo Pinheiro, o dono da OAS. E foge das abelhas desde que o imóvel foi pendurado nas manchetes com elevador privativo, cozinha de luxo e aparência de escândalo.

Lula costumava cavalgar sua autoconfiança com desenvoltura desconcertante. Abalroado por investigações em série, seu desembaraço deu lugar a um silêncio que diz muito sobre sua dificuldade de colocar em pé defesas consistentes. O velho chavão —“eu não sabia”— perdeu a serventia. E o silêncio não é o melhor substituto. Quanto mais Lula demora a se expicar, mais cabonizada fica sua imagem. JOSIAS DE SOUZA

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