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Operação em 6 estados e no DF investiga desvio de R$ 90 milhões de fundo previdenciário

Por Thamires Oliveira e Katherine Coutinho, G1 PE

O prefeito de um município do Grande Recife foi preso pela Polícia Federalem uma operação contra esquema de fraudes no instituto de previdência dos servidores da cidade, nesta sexta-feira (19). Outras 13 pessoas também foram presas. Segundo a PF, os envolvidos receberam propina para transferir R$ 90 milhões do instituto, que estavam em uma instituição financeira sólida, para uma empresa composta por ativos de risco. (Veja vídeo acima)

A transferência, equivalente a cerca de 50% do total do fundo, poderia comprometer o pagamento futuro das aposentadorias, apontam os investigadores. Os nomes dos presos e da cidade não foram divulgados porque o caso segue em segredo de Justiça.

Foram cumpridos, até as 11h, 14 dos 22 mandados de prisão e todos os 42 mandados de busca e apreensão emitidos para a Operação Abismo, de acordo com o delegado Márcio Tenório, titular da Delegacia de Combate à Corrupção da PF.

 

A delegada federal Andréa Pinho explica que, a princípio, o prefeito não tinha como transferir diretamente os recursos do Instituto de Previdência, mas que ele nomeia a pessoa responsável pelo fundo de aposentadoria do município.

"Na investigação, conseguimos detectar indícios de pagamento de propina, de pagamentos de espécie", explicou.

O Tribunal Regional Federal da 5ª Região autorizou o sequestro e bloqueio de bens e valores depositados em contas em nome dos investigados. Os mandados foram para Pernambuco e também Rio de JaneiroSão PauloParaíbaDistrito FederalGoiás e Santa Catarina.

"O esquema envolve grandes operadoras do mercado financeiro e, em geral, elas se localizam no Rio [de Janeiro] e em São Paulo. Por isso, cumprimos mandados nessas cidades hoje", explicou o delegado Márcio Tenório.

Carro da Polícia Federal chegando à sede durante a Operação Abismo, contra fraude em instituto previdenciário, nesta sexta-feira (19) — Foto: Thamires Oliveira/G1

Carro da Polícia Federal chegando à sede durante a Operação Abismo, contra fraude em instituto previdenciário, nesta sexta-feira (19) — Foto: Thamires Oliveira/G1

O esquema

As investigações apontam que essa empresa de gestão de fundos de investimentos estava utilizando lobistas para captar clientes e negociar com eles em seu nome. Esses lobistas ficavam encarregados de oferecer o pagamento indevido de benefícios aos clientes, como forma de "convencê-los" a fechar o negócio com a empresa.

“Temos indicativos fortes na investigação de que, uma vez que deu certo o esquema com determinado município, eles avançaram e ofereceram os mesmos benefícios para outros municípios”, explicou a delegada Andréa Pinho.

Os investigadores encontraram indícios de que a transferência dessa carteira de investimentos foi feita a mando do prefeito do município, em razão do recebimento de propina.

Segundo a PF, além dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e de crimes financeiros cometidos pelo recebimento de propina, a transferência desses investimentos do fundo previdenciário para uma empresa composta por ativos "podres" também coloca em risco a futura aposentadoria dos servidores, porque não há perspectiva de rentabilidade nesses ativos.

Uma das características desses fundos, segundo a delegada federal Andréa Pinho, é que possuem um longo prazo de carênica para desinvestimento, geralmente de quatro a cinco anos, tempo que o dinheiro fica preso sem que a pessoa consiga resgatar.

"Como ele é composto por papéis 'podres', nesses intervalo pode acontecer uma falência ou uma recuperação judicial de alguma dessas empresas. Aí há um efetivo prejuízo para os investidores. Acredito que todos os aposentados desse fundo previdenciário já estão prejudicados por não poder efetuar resgate e estarem investindo em papéis que não tem rentabilidade", disse a delegada federal.

 

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Equipe da Polícia Federal esteve em prédio na Avenida Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, nesta sexta-feira (19), dentro da Operação Abismo — Foto: Clarissa Góes/TV Globo

Mandados

Segundo a Polícia Federal, os mandados de prisão foram para empresários, lobistas, advogados, políticos, religiosos, servidores e outras pessoas que participariam do esquema criminoso.

Os nomes não foram divulgados devido ao sigilo das investigações, informou a PF. Entre os crimes atribuidos aos envolvidos estão lavagem de dinheiro, associação criminosa, crimes financeiros, corrupção ativa e passiva, cujas penas ultrapassam os 30 anos de reclusão.

Os presos em Pernambuco foram levados até a sede da Polícia Federal, no Recife, onde são interrogados e logo em seguida encaminhados para os respectivos sistemas prisionais. Os presos de outros estados devem ficar reclusos em sistemas prisionais de seus estados, onde ficam à disposição do Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Ao total, para Pernambuco, foram emitidos 18 mandados de busca e apreensão, um de prisão temporária e quatro de prisão privisória nos municípios do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, e Salgueiro, no Sertão.

Em São Paulo, os mandados foram emitdos para Jundiaí Guariba, sendo 10 de busca, um de prisão temporária e outros cinco de prisão provisória. No Rio de Janeiro, os 10 de busca e apreensão são para a capital e há, ainda, seis de prisão temporária e um de prisão provisória.

 

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