Após barrar denúncia, governo admite alianças para reacomodar base aliada
BRASÍLIA - O ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Antonio Imbassahy (PSDB), admitiu mudanças no governo para reacomodação de uma nova base aliada, a ser definida a partir do resultado da votação que barrou a denúncia por corrupção passiva dirigida ao presidente Michel Temer. Logo após a confirmação de que não haveria votos suficientes no plenário da Câmara para a continuidade da denúncia, com a declaração do voto do deputado Áureo (SD-RJ), Imbassahy comemorou discretamente a vitória do governo e foi cauteloso sobre eventuais mudanças diante de votos de parlamentares da base aliada contra Temer.
- Pode-se fazer uma avaliação (sobre redefinição de espaço no governo), mas este não é o ponto focal. O que ocorrer serão arranjos, movimentos naturais do Congresso - disse o ministro.
Imbassahy desdenhou das próximas denúncias da Procuradoria Geral da República (PGR) relacionadas às suspeitas sobre Temer. O presidente da República é investigado ainda por obstrução de Justiça e organização criminosa, a partir de delações e provas produzidas no caso da JBS.
- Eu não conheço nenhuma próxima denúncia - afirmou o tucano.
O ministro evitou dizer o que ocorrerá em seu próprio partido, que se dividiu sobre blindar ou permitir a investigação do caso de Temer. E fez deferências ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ):
- A ideia é implementar projeto de grande interesse do presidente Rodrigo Maia, que é a modernização dos planos de saúde. Os planos tem uma situação em que a maioria da população não pode alcançá-los. Haverá um forte interesse na Casa, e isto o presidente Rodrigo Maia reitera para gente. Ele já definiu o relator.
Diante do resultado em plenário, Imbassahy também não fez uma defesa enfática da reforma da Previdência:
- O que está na cabeça do presidente da República é ter uma base que permita fazer as reformas previdenciária, tributária e outros projetos importantes para a recuperação da economia, dos empregos e da renda das famílias. O resultado da votação revela robustez na base, fragilidade da denúncia, confiança na honradez do presidente e perspectiva de continuar o projeto.
O GLOBO