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Para economistas, ciclo de piora do emprego formal está quase no fim

O resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de abril retrata que o processo de deterioração do mercado de trabalho está se aproximando do fim, analisam economistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

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Especialistas veem 'estancamento' em demissões, mas recuperação não deve ser rápida Foto: Marcos Santos/USP-Imagens

Segundo dados originais do Ministério do Trabalho divulgados nesta terça-feira, 16, a economia brasileira criou 59.856 vagas de emprego formal no mês passado, aproximando-se do teto das expectativas da pesquisa do Projeções Broadcast, que previa intervalo de fechamento de 41.979 a abertura de 60.000 postos. Em março, o saldo líquido foi negativo em 63.624 vagas.

Esse foi o primeiro resultado positivo para o mês desde 2014, quando foram abertas 105 mil vagas. Nos quatro primeiros meses de 2017, há ainda uma perda de 933 postos de trabalho com carteira assinada. Em 12 meses, há um fechamento de 969.896 vagas. O anúncio nesta manhã surpreendeu o mercado que esperava o resultado do Caged para os próximos dias.

Assim como o acumulado do último ano, retiradas as influências sazonais de abril, mês em que há tipicamente forte criação de vagas, ainda observa-se um quadro de fragilidade do mercado de trabalho brasileiro. Nos cálculos do economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Melo, por exemplo, houve eliminação de 30 mil vagas formais no mês passado em termos ajustados. Mas Melo ressalta que esse saldo é menos negativo do que o de março, de fechamento de cerca de 70 mil vagas. "Em termos dessazonalizados, vemos um cenário de recuperação gradual do emprego, assim como da economia, com destruição líquida de vagas cada vez menor. Estamos saindo do fundo do poço."

O economista Fábio Romão, da LCA Consultores, reforça que há um "estancamento" do processo de perdas do mercado de trabalho feito nos últimos anos, mas que não deve ocorrer uma recomposição de vagas de maneira "célere". A consultoria espera saldo líquido positivo na faixa de 3 mil neste ano. "O mercado de trabalho deve precisar de uns quatro anos para recompor esses 3 milhões de vagas perdidas", diz ao referir-se à destruição de vagas nos últimos dois anos.

Na análise por setores, também sem as influências sazonais, a avaliação se repete. Apesar de só o comércio, agricultura e administração pública mostrarem criação líquida de vagas nos cálculos da Icatu, no setor de serviços, indústria e construção civil a eliminação de postos de trabalho ocorreu em menor intensidade.

No resultado do comércio, sem ajustes sazonais, Romão, da LCA, lembra que pode ter alguma influência dos saques das contas inativas dos consumidores. Em abril do ano passado, o segmento fechou pouco mais de 30 mil vagas, enquanto no quarto mês de 2017 o comércio abriu 5.317. Esse resultado foi considerado uma "boa surpresa" para o professor doutor da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (SP) Luciano Nakabashi.

Já para o economista Thiago Xavier, da Tendências Consultoria Integrada, a permanência da maioria dos setores, à exceção de agropecuária, no campo negativo, em suas contas dessazonalizadas, indica que o processo de ajuste no mercado de trabalho ainda não chegou ao fim. Segundo ele, um cenário melhor para o mercado de trabalho pode ser observado na segunda parte do ano, assim que as perspectivas de avanço para a atividade econômica se solidifiquem.

Nakabashi, da USP, ainda acrescenta que apenas os setores ligados à exportação, como a indústria de transformação e na agropecuária são responsáveis pela guinada positiva em abril. "Na agropecuária, a alta no emprego foi puxada pelas contratações nas culturas de cana e café, ainda com alta demanda de mão de obra no campo para a colheita e também com viés exportador." No entanto, em segmentos que dependem do mercado interno a recuperação do emprego ainda é lenta e com sinais dúbios. 

Thaís Barcellos,Gustavo Porto, Maria Regina Silva, O Estado de S.Paulo

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