Segundo ex-presidente uruguaio, não existe lugar na política para quem tem como principal objetivo o dinheiro
Em palestra para 1.600 pessoas, na maioria militantes petistas, durante um evento do qual também participou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo, o ex-presidente do Uruguai José Pepe Mujica condenou os partidos políticos que se transformam em “agências de colocação” de empregos. Segundo ele, não existe lugar na política para quem tem como principal objetivo o dinheiro.
“Os partidos também ficam doentes porque correm o risco de transformarem-se em agências de colocação de postos, de acômodo pessoal. Temos que lutar por partidos republicanos onde ninguém é mais do que ninguém. Nos quais os dirigentes aprendem a viver como a maioria do país e não como a minoria”, disse o uruguaio.
Com um discurso voltado para os riscos do consumismo e do apego exagerado ao dinheiro, Mujica também alertou sobre os perigos do personalismo político. Segundo ele, “presidentes não são monarcas”.
“Não há homens imprescindíveis, há causas imprescindíveis”, afirmou.
Enquanto petistas históricos, como o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, estão às voltas com suspeitas de enriquecimento pessoal no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, Mujica, um dos ícones da esquerda mundial, disse que os verdadeiros progressistas devem dar mais valor às coisas imateriais e que não há espaço na política para quem prioriza o dinheiro. “A riqueza pela qual lutamos é o carinho das pessoas e não o dinheiro. Existe gente que gosta muito do dinheiro. Que sigam para o comércio, para a indústria mas na política, não”, pregou.
Mujica chegou a São Bernardo na sexta-feira para participar do seminário “Participação Cidadã, Gestão Democrática e as Cidades do Século XXI”, promovido pela prefeitura. Depois do evento, o uruguaio e Lula foram recebidos em um almoço na casa do prefeito, Luiz Marinho (PT). Na véspera Mujica foi o centro de um jantar que reuniu 60 convidados do prefeito em um restaurante da cidade. Segundo o proprietário, Aldino Maregat, o Dino, o uruguaio foi muito assediado e tentou dar atenção a todos. “Ele é uma pessoa muito simples, comeu seu arroz com feijão e costela assada com uma colher”, disse o comerciante.