Anastasia diz a tucanos não querer Justiça; Ellen cotada
Não! O senador Antonio Anastasia deixou claro a seus correligionários do PSDB que não quer ser ministro da Justiça. E, pois, tudo indica, não será. Era, na bolsa de apostas, o mais cotado. A razão é simples. Com a ida de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal, abre-se uma vaga na Esplanada dos Ministérios. E não é uma qualquer. O Ministério da Justiça é tão poderoso como, a partir de agora, bastante problemático: o governo federal chamou para si, nos limites do que pode fazer, a questão da segurança pública.
A minirreforma feita por Michel Temer teve como um dos objetivos ampliar o espaço do PSDB. Foi o que se viu com a ida de Antonio Imbassahy para a Secretaria de Governo. Com a saída de Moraes, o partido perde uma pasta. A menos que o substituto seja um tucano. Anastasia, professor de direito, parecia o nome ideal: é uma dos figurões da legenda, é considerado um negociador, prefere uma boa conversa ao conflito etc. O presidente Michel Temer não lhe fez convite nenhum — e, portanto, o senador não está recusando nada. A sondagem foi feita pelos próprios tucanos. E ele deixou claro que não é do seu agrado. Pesou também na sua avaliação o fato de ter sido relator do impeachment no Senado.
O PMDB está de olho comprido na pasta. E voltou a circular o nome de Nelson Jobim. Como é? Huuummm… O homem é hoje diretor-sócio do BTG Pactual. Isso não me parece fazer nenhum sentido, né? Bem, já foi ministro do STF. Já foi ministro da Justiça de FHC. Já foi ministro da Defesa de Lula e Dilma… Agora o querem ministro também de Temer? Desse jeito, Jobim ainda se transforma na versão contemporânea do “Emplastro Anti-Hipocondríaco”, de Brás Cubas, de Machado de Assis, destinado a aliviar a nossa “melancólica humanidade”.
Pelo amor de Deus e do caixa de Jobim, deixem-no como sócio de banco! Vai ganhar pouco pra quê? Ministro de quatro presidentes é muito mais do que recomendam a prudência humana e o dever da coerência.
Ellen Gracie Ellen Gracie continua cotada. É tucana, sim, hoje em dia, mas entraria na cota pessoal de Temer. Seria uma escolha, vamos dizer, neutra do ponto de vista político e pode ter um impacto positivo. O governo tem a disposição de aumentar a participação feminina na administração. E, obviamente, não se trataria de cota. Ela tem currículo. A questão é saber se tem disposição para enfrentar os desafios desse novo ministério, agora com acento na segurança pública.
E, sim, Ayres Britto segue como outro nome possível. É interlocutor frequente de Temer. Já foi seu aluno. Os dois são amigos. Sinceramente, não vejo Britto como um homem para o Executivo. Nesse universo, descartado Anastasia, acho que é Ellen Gracie quem se destaca.
Vamos ver que outros nomes vêm por aí. REINALDO AZEVEDO