Há muito Brasil renuncia às vantagens do comércio global
Hoje vítima de uma agressão comercial por motivos políticos, o Brasil historicamente sabota seu próprio desenvolvimento com barreiras à compra de mercadorias estrangeiras que sufocam a produtividade e empobrecem sua população. Respondendo por apenas 1% do comércio global e fora das cadeias produtivas internacionais, o país colhe estagnação e atraso.
Nunca é tarde para mudar, e as condições internacionais oferecem novas chances de integração produtiva, a despeito das tarifas impostas à maioria dos países pelos Estados Unidos.
A situação atual é grave, como evidencia reportagem da Folha. Desde os anos 1980, estamos presos em uma armadilha de baixo crescimento econômico, em que o Produto Interno Bruto avança em média apenas 2,5% ao ano.
A raiz do problema é a produtividade estagnada: entre 1981 e 2023, o indicador mostrou alta de apenas 0,5% ao ano, em média. A indústria amarga quedas (de 0,3% ao ano), enquanto os serviços, que representam 70% das horas trabalhadas, patinam.
Apenas a agropecuária mostra vigor no período, com 6% de crescimento anual, e competitividade a ponto de conquistar posição de destaque no fornecimento de alimentos para o mundo.
Na comparação com os EUA, o quadro é vergonhoso: a produtividade brasileira, que já foi equivalente a 46% da americana nos anos 1980, hoje marca só 25,6%. Esse abismo reflete a incapacidade de adotar tecnologias modernas, bloqueadas por um protecionismo comercial arcaico.
O Brasil impõe tarifas de importação proibitivas, como as de até 11,5% sobre máquinas e equipamentos, entre as mais altas do mundo. A média de 12% para produtos industriais é o dobro da mexicana e quase o triplo da praticada na União Europeia.
Barreiras não tarifárias, ademais, como normas técnicas muitas vezes redundantes e burocracia alfandegária, afetam 86% das importações, encarecendo produtos em até 2,4 vezes.
É um fato curioso que as maiores multinacionais estejam presentes no país, mas servindo quase exclusivamente ao mercado interno. O país se vê isolado mesmo dispondo de base considerável de recursos humanos e técnicos.
O que há, nesse contexto, são apenas remendos, como isenções setoriais. Até mesmo a Zona Franca de Manaus, supostamente voltada a exportações, não passa de entreposto para fluxos internos, uma grave distorção infelizmente intocável politicamente.
Práticas macroeconômicas desastrosas, como a gastança do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), absorvem recursos, limitam o crescimento da poupança doméstica e elevam o custo de capital, dificultando investimentos.
Num mundo que busca um reequilíbrio diante do protecionismo americano, abrem-se novas oportunidades. Para aproveitá-las é preciso reduzir tarifas, reformar a política econômica para geração de poupança e diversificar o acesso a mercados.