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Homem cobra Lula por promessa não cumprida feita há 16 anos em evento do PAC; assista

Por  — Rio de Janeiro / o globo

 

Em viagem à Baixada Fluminense (RJ) para promover uma obra rodoviária do governo federal, na manhã desta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi cobrado por homem na plateia por uma promessa não cumprida feita em 2009, durante seu segundo mandato na presidência. Representante de funcionários aprovados para compor a Polícia Ferroviária Federal, Isaias Nascimento Cardoso pediu a palavra já na reta final do discurso de Lula e lembrou que o presidente, há 16 anos, havia prometido "legalizar" a força de segurança — prevista na Constituição de 1988, mas nunca foi regulamentada.

 

A intervenção de Cardoso ocorreu depois de Lula ter criticado os governos de Michel Temer (2016-2018) e de Jair Bolsonaro (2019-2022) pelo abandono de obras, e afirmar que a população não queria mais ser tratada "como país do futuro; tem que ser do agora".

 

No discurso desta terça, Lula afirmou que o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), lançado por ele em 2023, veio para corrigir episódios de "irresponsabilidade administrativa" de seus antecessores.

 

Após a interrupção do policial ferroviário, que não estava no palanque de autoridades e falou de improviso fora do microfone, Lula afirmou que "esse companheiro levantou um tema fundamental" e disse que depois iria "pegar o vídeo" com ele.

 

O vídeo em questão, mencionado por Cardoso em sua fala, foi um registro gravado do discurso de Lula em agosto de 2009 durante a inauguração de obras de saneamento do PAC em Nova Iguaçu (RJ), outro município da Baixada Fluminense.

 

"Queria dizer aos companheiros da Polícia Ferroviária Federal que já tem muita coisa acertada no Ministério da Justiça, na Advocacia-Geral da União e faltam apenas alguns detalhes no Ministério do Planejamento para que a gente possa legalizar definitivamente a vida da nossa Polícia Ferroviária Federal", afirmou Lula na ocasião, em agosto de 2009.

 

Desde então, a Polícia Ferroviária segue no papel. Em 2012, no governo Dilma Rousseff, uma portaria do Ministério da Justiça formalizou a lista de funcionários de "segurança pública ferroviária", como Cardoso, que deveriam ser integrados à Polícia Ferroviária quando esta fosse regulamentada, o que nunca ocorreu.

Agora, a PEC da Segurança apresentada pelo ministro Ricardo Lewandowski propõe criar uma "Polícia Viária Federal", unificando a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em atividade, e a Polícia Ferroviária.

 

— Faltou a nossa regulamentação. Chegaram a criar um departamento no Ministério da Justiça, mas está de porta fechada — lamentou Cardoso após o evento.

Lula encerrou o discurso pouco após a abordagem de Cardoso, e chegou a posar para fotos e conversar com apoiadores e com o próprio representante da Polícia Ferroviária, mas não atendeu a imprensa. Após a interrupção, Cardoso foi abordado por integrantes da equipe de segurança do cerimonial do presidente, que tiraram fotos de seus documentos.

 

No discurso em 2009, quando prometeu implementar a Polícia Ferroviária, Lula estava acompanhado por duas pessoas que estavam novamente a seu lado nesta terça, 16 anos depois, e que testemunharam a cobrança de perto: o atual prefeito de Piraí, Luiz Fernando Pezão (MDB), à época vice-governador do Rio, e o deputado federal Lindbergh Farias (PT), que na ocasião era prefeito de Nova Iguaçu.

 

— O Brasil durante muito tempo era conhecido como cemitério de obras paradas (...). É por isso que em fevereiro de 2007 eu lancei o primeiro Programa de Aceleração do Crescimento, para que a gente pudesse concluir todos aqueles projetos. Não havia mais tempo de ficar inventando ponte, estrada —discursou Lula nesta terça, antes da interrupção.

 

Em outro momento, o presidente ponderou que as obras "nem sempre andam na velocidade que a gente queria", mas alegou ter encontrado um cenário de grande paralisação de construções de creches e de residências do Minha Casa Minha Vida quando retornou à Presidência, em 2023. — Essa irresponsabilidade administrativa não vai acontecer mais no país. Não podemos mais passar um século sendo tratados como "país do futuro". Tem que ser do agora, no nosso dia a dia — afirmou Lula.

 

Acidente na Serra

Lula vistoriou nesta terça a obra de construção do novo traçado e ampliação da Serra das Araras, localizada no trecho da Via Dutra entre os municípios de Paracambi e Piraí (RJ). O presidente visitou os trabalhos no início da pista de subida no sentido São Paulo, no km 225 da Dutra, na altura de Paracambi.

 

Pouco antes da chegada de Lula, um caminhão frigorífico tombou no início da pista de descida no sentido Rio, no km 231, em Piraí. A pista ficou totalmente interditada por pouco mais de 1h, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF); uma faixa da descida foi liberada por volta das 10h15. O local do acidente não fazia parte do trajeto da comitiva do presidente.

 

Reduzir a frequência de acidentes como esse, no entanto, é justamente um dos motivos da obra na Serra das Araras. O novo trajeto terá curvas mais suaves e prevê duas rampas de escape, na pista de descida, para reduzir a velocidade especialmente de veículos pesados, como caminhões.

 

— É um grande desafio essa obra. (...) Vai ser muito bom poder dizer que reduziu para 10% o número de acidentes que acontecem. Quem tiver seu caminhão carregado aqui vai poder subir e descer a Serra com menos risco — afirmou o ministro dos Transportes, Renan Filho, ao discursar durante o evento.

 

A obra, iniciada há um ano e com 25% de execução até o momento, prevê a construção de novas pistas nos sentidos Rio e São Paulo, com duplicação do número de faixas — passando para quatro em cada sentido — e da velocidade máxima permitida, que passará a ser de 80 km/h. O trecho sob intervenção soma 16 quilômetros nas pistas de subida e descida.

Ao comentar o impacto da obra, Lula sugeriu, em tom de piada, que a qualidade da nova estrada permitiria "até andar de patinete" — este tipo de transporte, porém, não é permitido em rodovias.

 

— Uma obra dessa não se mede pelo tamanho. O importante é a qualidade do serviço que ela vai prestar para a sociedade, para os caminhoneiros, para os carros. (...) Vocês vão até andar de patinete quando ela estiver pronta. Disputar com os caminhões quem é que anda mais — disse Lula. A intervenção, apresentada como parte do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), está orçada em R$ 1,5 bilhão de verba federal. A previsão de conclusão é para 2029.

 

Homem cobra Lula durante evento de obra na Serra das Araras (RJ)Homem cobra Lula durante evento de obra na Serra das Araras (RJ) — Foto: Bernardo Mello/Agência O Globo

 

 

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