Por Karolini Bandeira, Sérgio Roxo e Jeniffer Gularte— Brasília / O GLOBO
Um dia após a tendência de queda na sua popularidade ser confirmada por pesquisa Genial/Quaest, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu ontem um ato em Brasília para marcar os dois anos de governo em clima de campanha. Com promessas ainda não cumpridas, o petista anunciou medidas requentadas e disse que encontrou o país em “ruínas” ao reassumir o cargo. O evento marcou também a abertura da campanha “O Brasil é dos brasileiros”, em uma contraposição ao presidente do Estados Unidos, Donald Trump, e a bolsonaristas, que veem o governo americano como exemplo a ser seguido.
O lema, que será veiculado nas emissoras de TV e rádio, começou a ser usado por governistas para rebater a frase “Make America Great Again”, usada por Trump e adaptada por apoiadores de Bolsonaro (“Make Brazil Great Again”).
Lula afirmou ainda que vai responder ao “tarifaço” anunciado pelo presidente americano (leia mais na página 17). A estratégia da rivalidade é para reforçar que está atuando pelos interesses da população brasileira, o que, segundo essa visão, não é o norte do bolsonarismo.
Logo no início do evento, foram destacados números da gestão, como a geração de empregos, e depoimentos de simpatizantes do governo. Em seguida, foram exibidos vídeos em um telão em tom de propaganda eleitoral para destacar programas como o Mais Médicos e o Bolsa Família.
— É a reconstrução de um país deixado em ruínas pelo governo anterior. O Brasil é um país que volta a sonhar com esperança, com mais desenvolvimento, mais inclusão social — disse Lula, em referência à gestão de Jair Bolsonaro. — Ainda há muito a ser feito. Precisamos da união de todos para derrotar o ódio e a mentira.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, marqueteiro de Lula no último pleito, demonstrou irritação com algumas falhas na reprodução das imagens. De acordo com a coluna de Lauro Jardim, no GLOBO, o ministro quis recuar da grandiosidade do evento de ontem após a pesquisa Genial/Quaest, divulgada na véspera, mostrar a desaprovação ao governo em alta e descolada da aprovação. O ministro pensou em desistir de realizar a solenidade em um centro de convenções brasiliense e abrigá-la no Palácio do Planalto, mas Lula quis manter o que estava combinado.
Em outra pesquisa divulgada ontem, o instituto apontou que Lula permanece na liderança das intenções de voto, mas com uma margem menor em relação aos seus adversários do que tinha em levantamentos anteriores (leia mais na página 8).
Diante da preocupação em retomar a popularidade, o presidente listou ontem ações recentes da administração, como a reformulação do programa Celular Seguro, que busca conter o roubo de celulares o país, e o envio ao Congresso do projeto que dá isenção de Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5 mil por mês.
— Novos anúncios estão chegando. O Minha Casa Minha Vida passará a beneficiar também a classe média — acrescentou o presidente.
Na véspera, em jantar na Residência Oficial do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), Lula justificou a parlamentares o tombo na popularidade. Segundo ele, o governo tem boas ações em várias frentes, mas ainda não encontrou uma “narrativa” para sensibilizar um público mais amplo.
No evento de ontem, o presidente não mencionou promessas não cumpridas de campanha. A picanha foi apresentada em palanque e na propaganda na TV como o símbolo do compromisso com a redução da inflação de alimentos. Mas, segundo dados divulgados pelo IBGE no início de janeiro, o preço da carne disparou 20,8% no ano passado.
Lula também afirmou aos governadores em 2022 que reorganizaria o sistema penitenciário brasileiro, “separando presos por grau de periculosidade” com trabalho e educação para ressocialização, e que criaria universidades de segurança pública para qualificação dos profissionais da área. Nada disso foi para frente.
Algumas iniciativas chegaram a ser lançadas, mas não têm previsão de entrega. É o caso da regulamentação do trabalho de motoristas e entregadores de aplicativo, promessa de Lula na campanha.
Promessas ainda não cumpridas
- Picanha barata: Lula prometeu durante a campanha baratear o preço da carne como símbolo do compromisso com a redução da inflação de alimentos. Mas o IPCA divulgado em janeiro mostra que preço da carne disparou em 2024.
- Segurança Pública: Lula também afirmou que criaria um Ministério da Segurança Pública para melhorar, entre outros pontos, a formação de policiais militares e afirmou que reorganizaria o sistema penitenciário. Nenhuma das propostas foi adiante.
- Autoridade Climática: A criação de uma estrutura para formular propostas ambientais foi uma promessa assumida pelo petista no momento da adesão de Marina Silva à sua candidatura em 2022. O plano está na Casa Civil sem prazo para ser executado.
- Demarcações: Lula prometeu demarcar 14 territórios indígenas nos 100 primeiros dias de governo. Treze regiões foram demarcadas em meio a objetivos não cumpridos, cobranças de lideranças e atritos com governadores e o Congresso.
- Motorista de aplicativo: Um projeto para regulamentar o trabalho de motoristas e entregadores de aplicativo foi enviado para o Congresso, mas o texto repercutiu mal na categoria. Iniciativas chegaram a ser lançadas, mas não têm previsão de entrega.
- Picanha barata: Lula prometeu durante a campanha baratear o preço da carne como símbolo do compromisso com a redução da inflação de alimentos. Mas o IPCA divulgado em janeiro mostra que preço da carne disparou em 2024.
- Segurança Pública: Lula também afirmou que criaria um Ministério da Segurança Pública para melhorar, entre outros pontos, a formação de policiais militares e afirmou que reorganizaria o sistema penitenciário. Nenhuma das propostas foi adiante.
- Autoridade Climática: A criação de uma estrutura para formular propostas ambientais foi uma promessa assumida pelo petista no momento da adesão de Marina Silva à sua candidatura em 2022. O plano está na Casa Civil sem prazo para ser executado.
- Demarcações: Lula prometeu demarcar 14 territórios indígenas nos 100 primeiros dias de governo. Treze regiões foram demarcadas em meio a objetivos não cumpridos, cobranças de lideranças e atritos com governadores e o Congresso.
- Motorista de aplicativo: Um projeto para regulamentar o trabalho de motoristas e entregadores de aplicativo foi enviado para o Congresso, mas o texto repercutiu mal na categoria. Iniciativas chegaram a ser lançadas, mas não têm previsão de entrega.