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158 cidades do CE melhoram saúde, proteção e educação de crianças e recebem Selo UNICEF

Escrito por Theyse Viana / DIARIONORDESTE

 

Três pilares para o desenvolvimento e o bem-estar de crianças e adolescentes tiveram melhora significativa no Ceará, entre 2021 e 2024. Indicadores de educação, saúde e proteção social avançaram acima da média nacional em 158 municípios (lista abaixo) – que foram certificados, nesta quarta-feira (6), com o Selo UNICEF.

 

O número de cidades corresponde a 86% do total de municípios cearenses. Foi o estado brasileiro líder em certificações. A iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) tem como objetivo apoiar cidades das regiões brasileiras mais vulneráveis para que impulsionem as políticas públicas voltadas à infância e adolescência.

No Ceará, os municípios ampliaram a vacinação infantil, quase zeraram o abandono escolar e fortaleceram o Sistema de Informação para Infância e Adolescência (Sipia), aumentando em mais de 33 vezes o número de notificações de violência entre 2020 e 2023 — neste quesito a melhora se refere ao fato de se poder acessar os dados, o que possibilita planejamento de políticas de combate e prevenção.

Rui Aguiar, chefe do Escritório do UNICEF em Fortaleza, destaca que o resultado do Estado foi o melhor desde 1999, quando o Selo UNICEF foi instituído, e opina que a certificação é uma forma de valorizar os profissionais da saúde, da educação e da assistência social, “que não pararam durante a pandemia”. 

“Esse selo tem um valor muito especial, porque aconteceu depois da pandemia. No Ceará, foi feito um trabalho muito interessante entre 2020 e 2021, quando terminou a edição anterior do selo: foi mantida a mobilização dos municípios em cima (dos impactos) da pandemia”, relata.

Municípios do Ceará certificados com Selo UNICEF:

  • Acarape
  • Acaraú
  • Acopiara
  • Aiuaba
  • Alcântaras
  • Altaneira
  • Alto Santo
  • Antonina do Norte
  • Aquiraz
  • Aracati
  • Aracoiaba
  • Ararendá
  • Araripe
  • Aratuba
  • Arneiroz
  • Assaré
  • Aurora
  • Baixio
  • Banabuiú
  • Barbalha
  • Barreira
  • Barro
  • Barroquinha
  • Baturité
  • Beberibe
  • Bela Cruz
  • Boa Viagem
  • Brejo Santo
  • Camocim
  • Campos Sales
  • Capistrano
  • Cariré
  • Cariús
  • Carnaubal
  • Cascavel
  • Catunda
  • Caucaia
  • Cedro
  • Chaval
  • Chorozinho
  • Coreaú
  • Crateús
  • Crato
  • Croatá
  • Cruz
  • Deputado Irapuan Pinheiro
  • Eusébio
  • Farias Brito
  • Forquilha
  • Fortim
  • Frecheirinha
  • General Sampaio
  • Graça
  • Granja
  • Granjeiro
  • Groaíras
  • Guaiúba
  • Guaraciaba do Norte
  • Guaramiranga
  • Hidrolândia
  • Horizonte
  • Ibaretama
  • Ibiapina
  • Ibicuitinga
  • Icapuí
  • Icó
  • Iguatu
  • Ipaporanga
  • Ipaumirim
  • Ipu
  • Iracema
  • Irauçuba
  • Itaiçaba
  • Itaitinga
  • Itapajé
  • Itapipoca
  • Itapiúna
  • Itarema
  • Itatira
  • Jaguaretama
  • Jaguaribara
  • Jaguaribe
  • Jaguaruana
  • Jati
  • Jijoca de Jericoacoara
  • Juazeiro do Norte
  • Jucás
  • Lavras da Mangabeira
  • Limoeiro do Norte
  • Madalena
  • Maracanaú
  • Maranguape
  • Marco
  • Martinópole
  • Massapê
  • Mauriti
  • Meruoca
  • Milagres
  • Milhã
  • Mombaça
  • Monsenhor Tabosa
  • Morada Nova
  • Moraújo
  • Morrinhos
  • Mucambo
  • Mulungu
  • Nova Olinda
  • Nova Russas
  • Novo Oriente
  • Ocara
  • Orós
  • Pacajus
  • Pacatuba
  • Pacoti
  • Palhano
  • Palmácia
  • Paracuru
  • Paraipaba
  • Paramoti
  • Pedra Branca
  • Penaforte
  • Pentecoste
  • Pindoretama
  • Piquet Carneiro
  • Pires Ferreira
  • Poranga
  • Porteiras
  • Potengi
  • Quiterianópolis
  • Quixadá
  • Quixelô
  • Quixeramobim
  • Quixeré
  • Redenção
  • Reriutaba
  • Russas
  • Saboeiro
  • Salitre
  • Santana do Acaraú
  • Santa Quitéria
  • São Benedito
  • São Gonçalo do Amarante
  • São João do Jaguaribe
  • Senador Pompeu
  • Senador Sá
  • Sobral
  • Solonópole
  • Tabuleiro do Norte
  • Tamboril
  • Tauá
  • Tejuçuoca
  • Trairi
  • Ubajara
  • Uruburetama
  • Uruoca
  • Varjota
  • Várzea Alegre
  • Viçosa do Ceará

Vacinação pós-pandemia

Legenda: Imunização de bebês tem impacto positivo por toda a vida
Foto: Thiago Gadelha

Um dos indicadores avaliados para concessão do selo foi a cobertura vacinal da Tríplice Viral, que previne sarampo, caxumba e rubéola. Em média, os 158 municípios cearenses certificados aumentaram a taxa de 63,8% para 90,2% do público-alvo vacinado com a segunda dose, entre 2020 e 2023.

O avanço foi significativamente superior ao nacional. Considerando os municípios de todo o Brasil, a taxa de cobertura com o imunizante aumentou de 64,27% para 65,91%. Estado e País, contudo, terminaram abaixo dos 95% preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

41,4%
foi o aumento da taxa de cobertura vacinal com a D2 da Tríplice Viral no Ceará, entre 2020 e 2023.

Rui Aguiar observa que a queda das taxas de vacinação durante a pandemia exigiu “um esforço dos municípios de fazer a busca ativa das crianças com vacinas atrasadas, de modo que muitos recuperaram a cobertura acima de 90%”.

O papel dos agentes comunitários de saúde, “que visitavam as famílias”, e dos profissionais de postos de saúde também foi destacado pelo chefe do UNICEF em Fortaleza como determinante para a melhoria na área.

Zero abandono escolar

Legenda: Políticas para educação impulsionam municípios para obtenção do Selo UNICEF
Foto: Fabiane de Paula

Outro indicador-chave que elevou os municípios cearenses à certificação com o Selo UNICEF foi a queda do abandono escolar. De acordo com o Fundo, a taxa de abandono caiu em média 74,7% nas 158 cidades que mais melhoraram as políticas para infância e adolescência, saindo de 0,8% e chegando a 0,2%.

O resultado é avaliado por Rui como “impressionante e histórico”. “O abandono escolar zero é tão importante quanto foi a universalização da educação nos anos 1990. O Ceará chegou a ter até 97% de crianças na escola, em 1997-98”, compara.

“Agora, não é só que toda criança está na escola: elas permanecem lá.”

O especialista lembra que as escolas fecharam durante a pandemia – período que fez os índices de aprendizagem despencarem em todo o País – “mas estavam abertas, monitorando o abandono escolar, fazendo entrega de materiais, orientação da família, enviando a merenda pra casa das crianças”, vínculo que ele considera crucial.

Violência denunciada

O terceiro indicador avaliado pelo Selo UNICEF chega a ser paradoxal: o aumento do número de notificações de violência contra crianças e adolescentes foi considerado positivo. Isso porque o crescimento não indica aumento de casos, e sim que os casos que acontecem estão sendo identificados.

“O que temos hoje, com um bom sistema de notificação, é um conhecimento concreto do caso: quem é a criança, quem foram os responsáveis, que direitos foram atingidos, que ação precisa ser feita, que tipo de atenção a criança precisa que seja realizada”, explica Rui Aguiar.

29.307
notificações de violências contra crianças e adolescentes foram feitas em 2023, mais de 33 vezes mais do que em 2020, que teve apenas 879 registros.

Entre 2020 e 2023, as notificações de violações múltiplas contra crianças e adolescentes em todo o Brasil aumentaram de 118.995 para 578.859 – um crescimento de quase 5 vezes.

O Sistema de Informação para Infância e Adolescência (Sipia) é o meio pelo qual os casos são notificados, para que passem a ser prevenidos e punidos. A adesão ao Sipia e o uso adequado dele, então, estavam entre as metas a serem atingidas pelas cidades para obter o Selo UNICEF.

“A notificação é um passo fundamental pra concretização do atendimento das crianças vítimas de exploração e violência e pra responsabilização dos autores, que é o grande problema que a gente tem. Quando você não notifica a agressão, é quase impossível haver responsabilização”, analisa o chefe do Escritório do UNICEF em Fortaleza.

Como o UNICEF monitora as cidades

Foto: Raoni Libório/UNICEF

Todos os dados avaliados pela entidade são de bases oficiais, como o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI), o Censo Escolar da Educação Básica, e o próprio Sipia.

Já o acompanhamento dos municípios é feito por meio de plataformas disponibilizadas pelo próprio UNICEF para que as gestões alimentem com informações do que têm feito em termos de políticas para infância e adolescência, conforme explica Rui Aguiar.

“Temos a plataforma de busca ativa escolar, na qual os municípios colocam informações sobre rematrícula de crianças e adolescentes; temos a da busca ativa vacinal, que acompanha as taxas; tem uma de informações básicas de saúde mental, que é o ‘Pode falar’; e outras várias ferramentas gratuitas”, lista.

E o que as cidades ganham ao conquistarem o Selo UNICEF?

Para Rui, receber o Selo é uma forma de as cidades prestarem contas à sociedade sobre os resultados das políticas públicas que têm executado. “É mais do que uma certificação: é um mecanismo de transparência e gestão por resultados”, inicia.

“Quando a cidade ganha o selo, a população é convidada a conhecer a situação. E a transparência promove novas demandas, a população demanda novos serviços”, alerta o especialista. 

Ele aponta que, a cada conquista, as novas metas evoluem. “Temos 25 anos monitorando o acesso à educação. Agora, monitoramos a presença da criança nas escolas. Nos próximos anos, a grande demanda será o acesso à creche. E com a progressiva melhora do ensino fundamental, podemos ter mais vagas em tempo integral”, adianta.

Agente do Unicef ergue bebê nos braços

 

 

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