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Ampliação da banda larga escolar exige mais agilidade do governo

EDITORIAL DE O GLOBO

 

 

O ritmo de conexão à internet das escolas brasileiras tem ficado aquém do esperado, como constatou reportagem do GLOBO. No último Censo Escolar, 118 mil das 178,5 mil escolas estaduais e municipais declararam ter acesso à rede, mas apenas 81 mil na velocidade indicada para uma navegação adequada.

 

Recursos não parecem ser problema. A Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (Enec), lançada em setembro do ano passado pelo Ministério da Educação (MEC), conta com um orçamento de R$ 8,8 bilhões para dotar todas as escolas de sinal de wi-fi e computadores. O Programa Dinheiro Direto na Escola — Educação Conectada, do MEC, já distribuiu R$ 311 milhões entre 96 mil escolas para pagar mensalidades a provedores. Há também quase R$ 5 bilhões do Aprender Conectado, recursos vindos dos leilões do 5G e do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust).

 

É natural que, numa rede de ensino tão extensa, haja escolas mais avançadas que outras. Mas os gestores de educação, de estados e municípios, precisam fazer com que as melhores experiências sejam compartilhadas dentro do universo das escolas públicas, com a ajuda de organizações da sociedade que atuam no setor. É lamentável que, até agora, todo o dinheiro à disposição tenha sido insuficiente para acelerar a implementação da banda larga escolar.

 

“Precisamos ver a conexão de fato chegando às escolas e os investimentos no mesmo ritmo para as demais condições necessárias ao uso da tecnologia, como os computadores e a formação dos professores”, diz Cristieni Castilhos, diretora executiva do MegaEdu, ONG que trata da conectividade nas escolas. Segundo ela, o primeiro ano do programa do governo serviu para a “arrumação da casa” e ainda é possível recuperar o atraso, além de ampliar e aprofundar a discussão sobre o que fazer com a internet nas escolas públicas municipais e estaduais.

 

Fora garantir a conexão de alta velocidade, também é preciso aperfeiçoar a formação de professores para que usem com eficiência as ferramentas digitais. É vital um projeto pedagógico sólido para a internet em sala de aula. Como se sabe, a internet é um instrumento poderoso — para o bem ou para o mal. É fundamental ensinar os alunos a usá-la de forma consciente, a se precaver contra a desinformação e a navegar de forma ética e segura, além de proteger a intimidade deles e evitar o bullying digital.

 

Uma das características positivas do mundo digital é que ele permite o trabalho colaborativo, mesmo fora da escola. É possível definir conteúdos levando em conta o nível de aprendizagem e o desempenho de cada aluno. Pode-se monitorar a qualquer momento o rendimento, identificar dificuldades e criar planos de estudo individuais. Também há recursos para permitir o aprendizado de alunos com deficiências visuais ou auditivas. Por tudo isso, o treinamento do professor é essencial. O que não dá é para ficar parado, reclamando que faltam recursos. Há dinheiro suficiente. O que falta é saber usá-lo com competência.

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