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Lula anuncia medidas a famílias do RS em evento com tom de comício em meio à tragédia

Matheus Teixeira / FOLHA DE SP

 

LULA NO RS

 

O presidente Lula (PT) anunciou nesta quarta-feira (15) medidas para socorrer famílias do Rio Grande do Sul em evento com tom de comício em meio às enchentes que destruíram casas e cidades.

O ato ocorreu em São Leopoldo, a cerca de 35 km de Porto Alegre e um dos municípios mais afetados pelas enchentes. Trata-se do maior município governado pelo PT no estado.

O evento foi marcado por gritos da plateia geralmente usados em campanhas petistas e por elogios a Paulo Pimenta, que é potencial candidato a governador em 2026 e foi nomeado para comandar o ministério extraordinário de reconstrução do RS.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, fez duras críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sem citá-lo nominalmente, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, lembrou que já fez campanha eleitoral para Pimenta.

Lula, por sua vez, criticou políticos que, segundo ele, disseminam fake news. "Esse tipo de gente, mais dia, menos dia, vai ser banido da política brasileira", afirmou.

O mandatário afirmou que os Poderes devem funcionar como uma orquestra e que seus integrantes não podem se encontrar "apenas em jantares" eventualmente.

"A gente não pode se encontrar apenas para um fazer um ato solene em Brasília. É importante que a gente se encontre nos momentos de amargura do povo brasileiro", disse.

Diversas autoridades, como o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, e dez ministros de Lula estavam presentes.

Sob a justificativa de conduzir votações em suas respectivas casas, incluindo temas de interesse do RS, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não integraram a comitiva presidencial.

Antes do ato, que contou com discursos políticos, Lula visitou um abrigo e conversou com pessoas atingidas pelos alagamentos.

O ato foi realizado na Unisinos, uma das maiores universidades privadas do país.

O petista anunciou o programa batizado vale reconstrução, que dará R$ 5,1 mil a famílias atingidas para investir na compra de itens perdidos com as enchentes. Também afirmou que 21 mil novas famílias serão incluídas no Bolsa-Família.

O Executivo federal afirmou que irá oferecer, como antecipou a Folhadomicílios a atingidos que se encaixarem nas faixas um e dois do Minha Casa, Minha Vida, que são voltadas a famílias de mais baixa renda.

Pessoas afetadas pelos alagamentos que estiverem enquadradas nesses critérios também poderão comprar imóveis à venda nos municípios, seguindo um limite de valor ainda não divulgado. O mandatário assinou, ainda, a medida que nomeia Paulo Pimenta como ministro extraordinário de Reconstrução do RS.

A ministra da Saúde lamentou a disseminação de fake news em meio à tragédia e criticou Bolsonaro.

"A partir da sua eleição [Lula] e da constituição do nosso governo, o Ministério da Saúde volta a fazer aquilo que sempre deveria ter feito e não foi feito durante a pandemia da Covid-19, que é coordenar todo esforço nacional para salvar vidas", disse.

Rui Costa foi o responsável por detalhar as medidas. "Está garantido que as casas que foram perdidas na enchente, aquelas que se encaixam no perfil do Minha Casa Minha Vida faixas 1 e 2, dentro do padrão de renda, 100% das famílias terão suas casas garantidas de volta pelo governo federal."

E prosseguiu: "Quem está abrigado em casas de familiares já pode procurar nas suas cidades um imóvel à venda dentro do padrão que citei [Minha Casa Minha Vida faixas 1 e 2] que o governo federal, pela Caixa Econômica Federal, vai comprar e entregar à pessoa".

O voucher, por sua vez, deve ser pago em parcela única. Segundo um integrante do governo, o dinheiro poderá ser usado para compra de itens da linha branca, como geladeira e máquina de lavar, ou marrom, como televisores e outros eletroeletrônicos.

Ele também afirmou que "fez campanha" para Paulo Pimenta nas últimas eleições e explicou a função dele, que era chefe da Secretaria de Comunicação e agora irá comandar o Ministério Extraordinário de Reconstrução do RS.

"Ficará aqui ajudando a fazer a coordenação dos trabalhos. Não será o executor da obra, porque cada ministério o fará, mas terá a função nobre de articular com a sociedade, empresários e prefeito para fazer as coisas acontecerem".

O governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou que às vezes as pessoas podem ficar "chateadas" com solenidades, mas que elas são importantes para gerar esperança no futuro e comemorar avanços para combater a crise.

Lula disse que não quer morrer, que pretende viver até os 120 anos, que ainda precisa "disputar umas 10 eleições" e que estará "de bengala disputando eleição".

Falou também sobre a situação dos abrigos e disse que os espaços estão protegendo as pessoas. Ele se referiu a essas pessoas: "O ninho que eu ficava com meus filhos não existe mais. Se existe, está quase que insuportável. As pessoas, na verdade... termina sendo o abrigo uma espécie de paraíso. Não tenho aonde ir, pelo menos aqui estou segurado, recebendo comida, recebendo água, recebendo uma assistência médica".

O presidente também afirmou que se surpreendeu com a quantidade de negros que há no estado.
"Por mais que a gente veja, eu falei para Janja domingo, é impressionante, eu não tinha noção que no Rio Grande do Sul tinha tanta gente negra", disse.

O presidente anunciou que o governo irá comprar arroz para reduzir o preço para a população Ele disse que se irritou quando viu que um pacote de 5 kg custa R$ 36. "Qual o pobre que pode comprar? Vamos importar 1 milhão de toneladas de arroz para baratear preço do arroz no supermercado".

Lula afirmou que a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, é responsável pelas negociações de greves e que não sabe como ela não foi vaiada no evento, uma vez que foi realizado numa universidade e ela "não conseguiu resolver" a greve de professores públicos universitários.

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