Pesquisa Quaest: Aprovação de Lula parou de cair, mas o mau humor da população continua
Por Lauro Jardim / o globo
A pesquisa Quaest divulgada neste momento mediu a popularidade, a aprovação do governo Lula e a expectativa do brasileiro em relação a economia do país. É um retrato do Brasil que pode ser resumido assim: a aprovação do governo Lula, que alcançou um pico em agosto e, a partir daí, vinha em queda, parou de cair; mas o mau humor do brasileiro permanece inalterado.
Aos números:
Em agosto, a aprovação de Lula havia chegado ao seu cume: 60% (contra 35% que desaprovavam o governo). Veio caindo até chegar aos 51% de março e aos 50% (e 47% de desaprovação) da pesquisa divulgada hoje — considerando a margem de erro, manteve-se na mesma. Não é, certamente, o resultado que Lula queria. Mas a queda foi estancada.
Esse número, contudo, reforça também que a divisão do Brasil permanece intocada. Metade o Brasil para um lado, metade para o outro.
É também patente o mau humor da população quando se analisa várias das respostas ao questionário da Quaest.
Alguns exemplos:
*49% dos entrevistados acham que o Brasil está indo na direção errada (eram 41% em dezembro). Entre os evangélicos, esse percentual sobe a 60%.
*63% dos brasileiros avaliam que Lula não está conseguindo cumprir suas promessas de campanha (em agosto, eram 52%). Apenas um terço (32%) dos entrevistados responderam que o presidente está cumprindo o que prometeu.
*73% dos entrevistados dizem que o preço dos alimentos subiu no mês passado.
*43% dos brasileiros acham que o desemprego aumentou nos últimos 12 meses. Neste tópico fica patente como o governo é fraco para vender o seu peixe.
Os números oficiais indicam o contrário da percepção da população: a taxa de desemprego no 1º trimestre foi de 7,9%, segundo o IBGE, a mais baixa dos últimos dez anos. Era de 8,8% no mesmo período de 2023.
Apesar de alguns números positivos na economia (taxa de emprego cadente, inflação controlada, consumo familiar em alta) , parte expressiva da população enxerga o contrário do que os números indicam. Neste caso, um problema de comunicação evidente.
A pesquisa foi feita em todos os estados entre quinta-feira e segunda-feira, de forma presencial, com 2.045 mil entrevistados e tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
Depois de um ano e meio no poder, Lula não conseguiu ainda alargar a base que o elegeu, mesmo com todos os programas sociais que lançou ou resgatou. O país continua dividido ao meio tal qual saiu da eleição de outubro de 2022.