Governo não tem base fiel no Congresso
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Merval Pereira / O GLOBO A base do governo no Congresso é grande na teoria, mas de fato é muito dividida e responde a vários interesses que não apenas os do governo. Por exemplo, o governo não tinha nenhuma capacidade de interferência nas decisões da reforma tributária que estava sendo feita dentro no Congresso. O relator Eduardo Braga já aceitou mais da metade das emendas apresentadas - aumentou isenções, criou cash back no gás para famílias de baixa renda. Tem interesses políticos diversos que atuam, desde o lobby das empresas, à intenção dos políticos de fazer política com a reforma tributária. E o governo não tem força para mudar o rumo dos acontecimentos. Essa bagunça é fruto disso - a base é repartida e não é fiel ao governo. Agora, por exemplo, os presidentes da Câmara e do Senado apoiaram Haddad no déficit zero, que é uma atitude boa, mas deixaram Lula na mão, e ele teve que dar uma recuada. O presidente sempre faz assim, fala, fala e depois volta atrás, porque a realidade se impõe e ele não consegue mais controla-la. Já conseguiu, mas hoje não tem mais capacidade de controle dos políticos e fica tudo confuso. O empresariado sabe que é o congressista que muda as coisas, e não mais o ministro ou o presidente.