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Governo dá bilhões ao centrão e implica com a correção do FGTS

Josias de SouzaColunista do UOL

 

O Supremo Tribunal Federal retoma na quarta-feira o julgamento de ação que trata da remuneração das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Hoje, o saldo do FGTS é corrigido pela Taxa Referencial, a TR, que sonega aos cotistas até mesmo a reposição da inflação. Relator do caso, o ministro Luís Roberto Barroso votou a favor da substituição da TR por outro índice capaz de assegurar que a correção do FGTS não será inferior à da caderneta de poupança…

 

Debruçada sobre a calculadora, a equipe da Fazenda concluiu que o governo terá um gasto adicional de R$ 8,6 bilhões até 2026 se o voto de Barroso prevalecer no Supremo. O ministro Fernando Haddad molha o paletó num esforço para convencer a Corte a rejeitar a ação, movida pelo partido Solidariedade em 2014 .—já lá se vão nove anos. O ministro André Mendonça já seguiu voto de Barroso. O julgamento será retomado com o voto de Nunes Marques, que havia pedido vista do processo…

 

O governo alega que a mudança na metodologia de correção do FGTS conspira contra o esforço da Fazenda para zerar o déficit público em 2024. Sustenta também que a novidade encareceria o financiamento das moradias populares do Minha Casa, Minha Vida, um programa financiado com recursos do fundo compulsório dos trabalhadores. Ironicamente, as autoridades não tiveram a mesma preocupação ao tratar da remuneração do centrão…

 

No orçamento de 2024, o primeiro integralmente elaborado sob Lula, o governo reservou R$ 37,6 bilhões para pagar as chamadas emendas parlamentares no próximo ano. Os congressistas foram presentados com um reajuste de 3,71% em relação às liberações programadas para 2023. Confrontado com as verbas das emendas, os R$ 8,6 bilhões que garantiriam ao FGTS o rendimento mixuruca da poupança até 2026 se transforma num elefante de 100 gramas.

 

Opinião
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL E NEM A MINHA

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