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Governo escanteia técnicos e politiza apagão que atingiu 25 estados e DF

Nicola Pamplona / FOLHA DE SP

 

Embora ainda não haja comprovações de que o apagão desta terça-feira (15) tenha sido responsabilidade da Eletrobras, governo e aliados passaram o dia relacionando, direta ou indiretamente, a ocorrência com a privatização da maior empresa de energia do país.

O tema esteve em posts em redes sociais, por exemplo, da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e de influenciadores petistas. E foi reforçado pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em entrevista a jornalistas para falar do apagão.

"É importante que uma empresa estratégica como a Eletrobras tenha uma sinergia muito grande com o poder público. Porque é do poder público que a sociedade pede respostas", disse o ministro. "Por isso sou crítico a um setor tão estratégico para o Brasil estar completamente privatizado."

A Eletrobras, porém, não costumava participar das primeiras entrevistas sobre apagões nem mesmo em gestões petistas anteriores, quando a empresa ainda era controlada pelo Estado brasileiro.

Essa missão era dada a técnicos responsáveis pela operação, regulação e planejamento do setor, como o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e a EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

Nesta terça, eles até estavam ao lado de Silveira durante a entrevista, mas só o ministro falou. Falou pelo ONS quando especulou sobre as causas da ocorrência, falou pela Aneel quando prometeu punições a eventuais responsáveis pelo corte no fornecimento.

Se antecipou à investigação técnica ainda não concluída ao dizer que ao menos dois eventos causaram a queda de energia e, sem provas, sugeriu indícios de sabotagem na rede, como as verificadas no início do ano, em protesto contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.

"O fato de o evento ter acontecido nesse horário da manhã, da forma em que aconteceu, nos incita a estarmos pormenorizadamente pedindo para que outros ministérios, mais especializados na apuração de eventuais práticas que não coadunam com o que é importante para o setor, participem conosco na apuração", afirmou.

A primeira grande crise do setor elétrico brasileiro no terceiro mandato de Lula mostrou que o governo preferiu politizar o apagão a deixar os técnicos trabalharem.

Um governo que, quando na oposição, fez justas críticas à politização da pandemia por seu antecessor, que desconsiderou pareceres técnicos e preferiu conselhos políticos para definir suas estratégias no enfrentamento da maior crise sanitária da história.

 

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