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Ruína da Eletrobras é realização de PT e PMDB

O ministro Fernando Coelho Filho —improvisado na pasta de Minas e Energia porque Michel Temer precisava acomodar o PSB em algum lugar da Esplanada— levou os lábios ao trombone nesta sexta-feira para alardear o que era apenas sussurrado: a situação da Eletrobras, holding estatal do setor elétrico, é “insustentável”. Para sair do buraco, a companhia terá de vender ativos, disse o ministro.

A Eletrobras é vítima do mesmo complô que levou à breca a Petrobras. Sua ruína é uma realização do PT e do PMDB, sócios majoritários do empreendimento governamental nos períodos de Lula e Dilma Rousseff. Na origem do problema estão três fenômenos encontradiços no setor público e conhecidos do brasileiro: a inépcia gerencial, o fisiologismo político e a corrupção —muita corrupção.

Pilhada pelo mesmo consórcio político-empresarial que assaltou a Petrobras, a Eletrobras fez o Brasil passar um vexame internacional no último dia 18 de maio. A Bolsa de Valores de Nova York suspendeu os negócios com ações da estatal brasileira. Por quê? A companhia não conseguia informar a situação de suas contas no exercício de 2014.

Responsável pela auditoria da Eletrobras, a KPMG recusou-se a assinar o balanço. Exigiu que fossem escriturados os prejuízos provocados pela corrupção. Uma roubalheira que levou a estatal ao radar da Lava Jato. Só a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte resultou em propinas de R$ 150 milhões, informaram executivos da Andrade Gutierrez que aderiram à delação premiada.

A dinheirama foi rachada entre PT e PMDB, metade para cada legenda. Assim como sucedeu na Petrobras, lavou-se tudo na bacia das doações eleitorais das campanhas de 2010, 2012 e 2014. Dinheiro sujo higienizado na Justiça Eleitoral.

São investigados no caso Belo Monte figurões do PMDB: os senadores Romero Jucá (RR), Renan Calheiros (AL), Valdir Raupp (RO), Jader Barbalho (PA) e Edison Lobão (MA). O delator Delcídio Amaral, ex-senador do PT, adicionou ao rol de implicados os ex-ministros Erenice Guerra e Silas Rondeau, do governo Lula, e Antônio Palocci, dos governos Lula e Dilma.

Por mal dos pecados, assim como ocorrera na Petrobas, Dilma é protagonista da derrocada da Eletrobras. Xerife do setor energético desde o primeiro mandato de Lula, ela jamais desapontou os políticos que tratam o público como privado. Em 2004, quando era ministra de Minas e Energia, Dilma fritou um respeitado presidente da Eletrobras, Luis Pinguelli Rosa, para acomodar no lugar dele Silas Rondeau, afilhado político de José Sarney.

Em 2005, alçada à Casa Civil pela queda do companheiro José Dirceu, Dilma cacifou o nome de Rondeau para substituí-la no comando da pasta de Minas e Energia. Decorridos dois anos, o ministro de Sarney foi pilhado pela PF na Operação Gautama.

Acusado de apalpar um envelope contendo propina de R$ 100 mil, Rondeau deixou o cargo. E foi substituído, com o aval de Dilma, por Edison Lobão, outro ministro da cota de Sarney. Eleita presidente, em 2010, Dilma manteve Lobão na Esplanada. Trocou-o mais tarde por outro senador do PMDB: Eduardo Braga (AM). Hoje, sob Michel Temer, a ministro é do PSB. Mas a Eletrobras continua sob o controle do PMDB do Senado. JOSWIAS DE SOUZA

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