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Lula deu 'tiro no pé' ao defender Nicolás Maduro, avaliam integrantes do governo

Por Eliane Oliveira — Brasília / O GLOBO

 

 

As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em defesa do venezuelano Nicolás Maduro, na última segunda-feira, após uma reunião bilateral, causaram estragos no que poderia ser festejado pela diplomacia brasileira como um saldo positivo na política externa brasileira.

 

A avaliação de integrantes do governo ouvidos pelo GLOBO é que o presidente deu um tiro no pé. A clara disposição de todos os presidentes sul-americanos, reunidos terça-feira no Itamaraty, de ser preciso falar sobre integração regional e proteger a democracia, acabou ficando em segundo plano.

 

Além disso, o Brasil não conseguiu emplacar a palavra Unasul (União de Nações Sul-Americanas) na declaração final, chamada Consenso de Brasília. Paraguai, Uruguai, Chile e Equador se posicionaram contra a menção, o que mostra que a criação de um mecanismo de integração formal é algo remoto.

 

Argentina, Bolívia e Colômbia são os únicos que deram sinais de que apoiariam um instrumento semelhante à Unasul — criada há 15 anos e, hoje, formada por apenas cinco países da América do Sul.

 

Se Lula não tivesse "falado demais", disse um integrante do governo, talvez a ideia de mencionar a Unasul apenas para ilustrar a necessidade de um fórum de debates e busca de soluções não tivesse causado tanta polêmica.

 

Por outro lado, ponderou esse membro do governo, os líderes da região concordaram que é preciso se integrar, defender a democracia e discutir formas de a América do Sul ficar mais forte, com políticas comuns em áreas como saúde, aquecimento global, migração, expansão de comércio e investimentos, combate ao crime organizado nas fronteiras, transporte e energia.

 

Apesar das diferenças ideológicas na América do Sul, Lula só não conseguiu trazer a presidente do Peru, Dina Boluarte, a Brasília, porque ela está impedida de sair do país. Só isso seria motivo para comemorar.

 

No entanto, ao afirmar, na véspera, que a ditadura e as violações de direitos humanos na Venezuela são uma questão de narrativa, o presidente brasileiro foi abertamente criticado pelo chileno Gabriel Boric, o paraguaio Mario Abdo, o uruguaio Lacalle Pou e o equatoriano Guillermo Lasso, na primeira parte do encontro de chefes de Estado que durou todo o dia, no Itamaraty.

 

 

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