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Subsídio da Petrobras a combustível fóssil vai na direção contrária do que o país precisa

Por Míriam Leitão / O GLOBO

 

É difícil saber o impacto que a reoneração total dos impostos federais e do ICMS sobre combustíveis terá sobre o preço final. Isso porque os preços internacionais e o dólar podem cair, o que significaria que a Petrobras poderia reduzir o valor sem que isso signifique um movimento artificial.

 

O fato é que a Petrobras introduziu ainda mais incerteza no jogo, porque saiu da política de paridade internacional para essa nova política, que ninguém entendeu muito bem.

 

Um dos itens levados em conta será o custo alternativo do cliente. Se conseguir um preço mais baixo de um possível competidor da Petrobras, então a empresa tem mais chance de reduzir o preço.

 

E entra agora um outro fator. A reoneração parcial da gasolina já aconteceu, mas passará a ser de 100% a partir de primeiro de junho. Além disso, volta a ser cobrado o ICMS, que sofreu um período de limitação na época do governo Bolsonaro e que retirou dinheiro dos cofres estaduais. Houve uma negociação para a nova forma de cobrança, e em alguns estados isso vai significar aumento de imposto.

 

Portanto, há muito na mesa. Os impostos vão aumentar, e ao mesmo tempo haverá pressão para que não haja aumento ao consumidor em um contexto de uma nova política de preços. Corre-se o risco de, depois de um tempo, os preços se tornarem artificiais.

 

O país já viveu isso, principalmente no governo Dilma, quando se entrou na trilha de "vamos fazer o preço daqui para a frente". O argumento era que não queriam repassar a volatilidade internacional ao consumidor. Foram fazendo um preço cada vez mais artificial, o que levou a um grande prejuízo da Petrobras.

 

Sem falar no fato de que, quando a Petrobras cobra menos do que deveria cobrar, isso é um subsídio que a sociedade inteira está dando pra quem tem carro, para quem usa combustível fóssil, que emite gases de efeito estufa.

 

É irracional, já que é ruim para a empresa, que manda menos dinheiro para o governo em dividendos quando tem menos lucro, e para a sociedade inteira, que paga pela emissão de gases de efeito estufa. O preço subsidiado de combustíveis vai contra o desenvolvimento que o país precisa.

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