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Pesquisa Quaest: taxação de Shein e Shopee impacta, e avaliação do governo Lula piora

Por Nicolas Iory — São Paulo / O GLOBO

 

Nova pesquisa da série Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira mostra que a aprovação ao governo Lula caiu quatro pontos percentuais desde fevereiro, passando de 40% para 36%. Já a taxa de desaprovação subiu de 20% para 29%.

 

Essas alterações no humor da população em relação ao terceiro mandato do petista na Presidência fizeram com que a distância entre satisfeitos e insatisfeitos, antes em 20 pontos percentuais, passasse para sete pontos em cerca de dois meses. São 29% os que classificam a administração federal como regular, taxa que era de 24% em fevereiro.

 

Os dados do levantamento, feito entre 13 e 16 de abril, acendem uma luz amarela no Planalto. Perguntados sobre alguma notícia negativa que tenham ouvido recentemente em relação ao governo Lula, 16% dos entrevistados mencionaram espontaneamente o plano da equipe econômica para taxar compras internacionais de até US$ 50 — abandonado nesta terça-feira após repercussão negativa. Nenhum outro tema foi tão lembrado quanto esse.

 

A medida impactaria diretamente compras em plataformas como Shein, Shoppee e AliExpress, muito populares entre os jovens. E é justamente nessa parcela da população em que a insatisfação com o governo mais cresceu: na faixa etária entre 16 e 34 anos, a aprovação recuou de 38% para 31%, enquanto a desaprovação saltou de 17% para 29%. Agora, os dois grupos são tecnicamente equivalentes, considerando a margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou menos.

 

A pesquisa indica que o aumento das ressalvas da população ao desempenho do governo pouco tem a ver com desconhecimento em relação às principais ações federais. Foram 82%, por exemplo, os entrevistados que disseram saber do relançamento do Bolsa Família com o valor de R$ 600. Mais da metade declarou também ter conhecimento sobre a volta do Mais Médicos (58%), a revogação do decreto das armas (58%), a aprovação do novo salário mínimo reajustado (57%) e a isenção do imposto de renda para quem ganha até dois salários mínimos (55%).

 

A imagem pessoal de Lula teve desgaste ainda maior que a do governo, segundo o levantamento. A forma como o presidente se comporta era aprovada em fevereiro por 65% dos eleitores, e agora é por 53%. Os que desaprovam os modos do petista passaram de 29% para 40%.

 

Para mais da metade dos entrevistados (55%), Lula não tem conseguido cumprir o que prometeu nestes pouco mais de cem dias de governo. São 35% os que acham que o petista está entregando o que se esperava, e 9% não sabem ou não quiseram responder. Entre aqueles que disseram ter votado em Lula no segundo turno contra Bolsonaro em outubro, praticamente um quarto (26%) acha que o presidente não está correspondendo àquilo que prometeu.

 

O desânimo de parte da população com o governo se reflete também nas perspectivas para os próximos meses: subiu de 20% para 29% o percentual de brasileiros que acreditam que a economia do país irá piorar, enquanto o número dos que preveem melhora baixou de 62% para 51%.

 

Contratada pelo banco Genial, a pesquisa da Quaest foi realizada entre 13 e 16 de abril a partir de entrevistas presenciais com 2.015 eleitores de 16 anos ou mais. A margem de erro é estimada em 2,2 pontos percentuais para um nível de confiança de 95%.

 
 

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