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Navios iranianos no Rio, visita à fábrica da Huawei e mais: veja 5 vezes que Lula se contrapôs aos EUA

Por O Globo

 

Em pelo menos cinco oportunidades, o discurso do presidente brasileiro entrou em rota de colisão com os EUA, desagradando os interesses de Washington. O caso mais recente aconteceu na manhã de sábado (noite de sexta-feira no Brasil), quando o presidente afirmou a jornalistas em Pequim que os EUA incentivam a guerra na Ucrânia, e convocou o país e seu principal aliado, a União Europeia a "falarem de paz".

 

O caso dos navios iranianos

Contrariando um pedido dos EUA para impedir a entrada em portos brasileiros de dois navios de guerra iranianos, a Marinha do Brasil autorizou as embarcações Iris Makran e Iris Dena, a atracar no porto do Rio de Janeiro em fevereiro. O episódio se tornou um incidente internacional, principalmente após as revelações de que autoridades brasileiras e iranianas participaram de uma confraternização nos navios.

 

A decisão do governo brasileiro não desagradou apenas os EUA. O governo de Israel classificou a decisão de autorizar a ancoragem de navios de guerra iranianos no Brasil como “perigosa” e “lamentável”.

 

Visita à fábrica da Huawei

No primeiro dia de sua agenda oficial na China, Lula visitou um centro de pesquisa da gigante de tecnologia Huawei — uma das poucas empresas do mundo capazes de implantar a tecnologia 5G. A visita contrariou interesses americanos, que consideram o avanço da empresa como um risco à segurança, acusando-a de ser um braço do governo chinês.

 

Em entrevista ao GLOBO, o embaixador americano Thomas Shannon, que chefiou a embaixada dos Estados Unidos em Brasília durante os anteriores governos do PT e é ex-subsecretário do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, afirmou que os EUA já deixaram claro que a Huawei representa um desafio para os países que querem construir suas redes e sua infraestrutura digital.

— A Huawei pode usar essas estruturas para ter acesso a informações, que podem ser repassadas para o governo da China. É uma decisão que cada governo deve fazer. Nós deixamos claras nossas preocupações sobre segurança, confidencialidade — afirmou Shannon, antes de acrescentar — É a escolha do Brasil, e será um problema do Brasil. Boa sorte com isso.

Críticas ao dólar

Durante o primeiro dia de viagem à China, Lula fez críticas ao uso do dólar como moeda global, em uma declaração que se assemelhou à do presidente russo, Vladimir Putin, quando recebeu o mandatário da China, Xi Jinping, em Moscou, no fim de março. O mandatário brasileiro defendeu o fim da dolarização no comércio entre os países-membros do Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, em um discurso na cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), em Xangai.

— Toda noite me pergunto por que todos os países precisam fazer seu comércio lastreado no dólar. Por que não podemos fazer comércio lastreado na nossa moeda? Por que não podemos ter o compromisso de inovar? Quem é que decidiu que era o dólar a moeda depois que o ouro desapareceu como paridade? — disse Lula. — Por que um banco como o dos Brics não pode ter uma moeda para financiar relações comerciais entre Brasil e China, entre Brasil e outros países dos Brics? É difícil porque tem gente mal acostumada a depender de uma só moeda. E eu acho que o século XXI pode mexer com a nossa cabeça.

Aproximação com a China

Ainda durante a passagem por Pequim, Lula não perdeu nenhuma oportunidade de ressaltar o desejo de aprofundar relações com a China — país que foi apontado por Washington como seu maior desafio estratégico na atualidade — e chegou a alfinetar os EUA sobre a posição geopolítica hegemônica do país americano.

— Ninguém vai proibir que o Brasil aprimore sua relação com a China —, disse o presidente em reunião com Xi Jinping.

 

Uma referência direta aos EUA foi feita pelo presidente durante um encontro com o chefe do Partido Comunista Chinês em Xangai. Relembrando um momento em que se aliou à China em sua passagem anterior na Presidência, na questão climática, o presidente afirmou:

 

— Tivemos uma relação com a China na Conferência do Clima de Copenhague de 2009, quando os países europeus e os Estados Unidos quiseram responsabilizar a China pela poluição sem assumir sua própria responsabilidade — disse.

EUA incentivadores da Guerra na Ucrânia

Embora o tom crítico aos EUA e a exaltação da cooperação sul-sul tenham dado a tônica da viagem de Lula à China, a declaração mais contundente foi dada justamente nos últimos momentos do presidente brasileiro em solo chinês.

Pouco antes de deixar o país com destino aos Emirados Árabes, Lula falou com repórteres que acompanhavam a comitiva e declarou que os Estados Unidos incentivavam a guerra na Ucrânia, afirmando ser necessário que o país "comece a falar em paz".

— É preciso que os EUA parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz. É preciso que a União Europeia comece a falar em paz, para a gente poder convencer Putin e Zelensky que a paz interessa a todo mundo e que a guerra por enquanto só está interessando aos dois.

 

 

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