Aposentados estão indignados com Lula por causa do juro do consignado, diz sindicato
Joana Cunha / FOLHA DE SP
Os sinais dados pelo governo no impasse sobre a taxa do consignado do INSS desagradaram os aposentados, segundo o Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), filiado à Força Sindical.
João Inocentini, presidente do sindicato, diz que o sentimento é de indignação com Lula e que os aposentados não vão aceitar qualquer proposta de juro acima de 1,90% ao mês.
Na semana passada, os bancos suspenderam a oferta de empréstimos na modalidade depois que o Conselho Nacional da Previdência Social votou pela queda de 2,14% para 1,70% no teto do consignado do INSS. O governo decidiu rediscutir o assunto, e o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, prevê revisão para um patamar um pouco abaixo de 2%.
"O governo está negociando com os bancos sem a nossa participação. Estamos indignados com o presidente da República, que não quis nos ouvir até agora", afirma Inocentini.
O sindicato convidou conselheiros, representantes dos aposentados, dos trabalhadores e dos empregados, para uma reunião na segunda (27) para definir uma proposta para a taxa de juros.
"Nossa proposta é que seja 1,90% e que a cada 60 dias se monte uma comissão para ver a Selic e fazer uma avaliação", afirma Inocentini.
"Queremos participar da discussão. Vamos propor. Senão, vamos votar contra. O conselho da Previdência tem autonomia e decisão. O governo não pode intervir", diz.
O CNPS é composto por representantes do Ministério da Previdência, do INSS, de aposentados, pensionistas, trabalhadores e empregadores (confederações da indústria, comércio e agricultura).
O corte para 1,70% foi aprovado por 12 dos 15 participantes do conselho —os três representantes de empregadores foram os únicos votos contrários à medida.
Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix