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No primeiro mês do governo Lula, Brasil criou 83 mil de vagas com carteira assinada, queda em cerca de 50%

Por Renan Monteiro — Brasília / O GLOBO

 

No primeiro mês do governo Lula, a economia brasileira gerou 83,2 mil postos de trabalho com carteira assinada, uma queda de 50,2% em relação a janeiro de 2022, quando foram registrados 167,2 mil contratos. Os dados do Ministério do Trabalho foram divulgados nesta quinta-feira.

 

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de janeiro deste ano registrou 1,87 milhões de contratações e 1,79 milhões de demitidos, gerando o saldo líquido de 83,2 mil admissões. No consolidado do ano passado, foram 22,6 milhões de contratações e 20,6 milhões de demissões.

 

Outro lado divulgado é o salário médio de admissão de novos empregados. Em janeiro de 2023 ficou em R$ 2.012,78. Uma redução de R$ 8,71 em relação ao mês de janeiro do ano passado — R$ 2.021,49. Os são são valores reais, com desconto da inflação.

 

Juros

Para o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, a trajetória de crescimento da taxa de juros pelo Banco Central - para controlar a inflação - é um dos fatores centrais para a redução no nível de empregabilidade em janeiro de 2023. A crise nas Americanas e o nível de endividamento também são pontos de influência negativa, segundo ele.

— Você tem o cenário de uma política monetária ainda restritiva. Trabalhar o monitoramento desse processo macroeconômico é fundamental para incentivar a retomada da economia e o crescimento. (...) E os juros altos sacrificam demasiadamente a população de baixa renda do país — disse Marinho.

Para o ministro, a confluência de fatores como juros (a taxa básica em 13,75%), endividamento, e ‘sazonalidade’ no mês de janeiro, levou a um menor consumo da população, impactando no nível de empregabilidade:

 

— No mês de janeiro há uma sazonalidade de menor consumo, na medida em que as famílias estão centradas em despesas programadas, como IPVA, material escolar e IPTU. Se você tem menor consumo, naturalmente tem menor demanda dos setores produtivos e não provoca geração de emprego de forma mais acelerada. É um período também agravado pelo endividamento das famílias — afirmou.

Setores

Em janeiro de 2023, quatro dos cinco grupos de atividades econômicas registraram saldos positivos. O melhor resultado foi serviços com adição de 40,6 mil postos. O setor de construção teve alta de 38,9 mil, seguido por indústria com elevação de 34,02 mil postos. Por fim, agropecuária teve saldo positivo de 23,1 mil postos e comércio registrou 53,5 mil.

“Importante ressaltar que o setor de serviços, categoria que apresentou o melhor desempenho em 2022, registrou forte desaceleração na criação de vagas. Apesar disso, a divulgação reforça nossa visão de que o mercado de trabalho deve desacelerar de maneira gradual ao longo de 2023”, avalia em nota o Banco Modal.

Sérgio Vale, economista-chefa da MB Associados, diz que os números reforçam a desaceleração do mercado de trabalho no país. Segundo ele, há risco de o PIB ter nova contração no primeiro trimestre, o que configuraria uma recessão técnica.

— A desaceleração no Caged está forte. O pico foi em maio, e tem caído mês a mês desde então, quase 70% de queda nesse período. Reforça a ideia de uma economia que está enfraquecendo rapidamente. Os dados de emprego da pnad já mostraram uma desaceleração no emprego, com queda no dados dessazonalizado desde setembro — afirmou.

 

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