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Ministério da Cultura vai dar certo?

O presidente Michel Temer deu posse nesta terça a Marcelo Calero, novo ministro da Cultura. A pasta esteve envolvida no ruidoso episódio da fusão da fusão com a Educação, o que gerou um levante oportunista de alguns artistas e sedizentes artistas, boa parte ligada ao PT e com vontade de fazer oposição a Michel Temer. Os bacanas não estavam nem aí para a área em si.

Como lembra Sérgio Sá Leitão, em excelente artigo publicado nesta terça na Folha — veja post seguinte —, essa história de haver ou não uma pasta específica para a área é irrelevante, desde que o poder público tenha uma política cultural e saiba trabalhar. Os países que contam com uma pasta são a exceção, não a regra.

Como sabem os leitores, eu me opus desde o começo à fusão por razões muito pragmáticas: economia pequena para o tamanho da dor de cabeça. Não deu outra.

A esquerda chique do mundo artístico saiu na vanguarda do ataque, como se Temer estivesse desprezando a área. Bem, então também a desprezam os EUA, a França, a Espanha… Isso é uma bobagem em si. Eu só não achava que a reação custo-benefício seria benéfica. Como não foi. Temer recuou, deu à área o status de Ministério, e eu aplaudi.

Gostei do discurso de posse de Calero ao afirmar que “O partido da cultura é a cultura”. Para ser mais preciso: “A cultura não é de ninguém, a cultura não é de partido político, a cultura é nacional”. É isso mesmo.

A questão agora é saber se ele terá mesmo disposição, ainda que queira pacificar a área, de vencer os esquemas encarquilhados de poder que foram tomando conta do Ministério. Querem um exemplo? Quem promove a invasão de prédios públicos ligados à Cultura é o Movimento Fora do Eixo, aquele liderado por Capilé, que já foi acusado até de explorar mão-de-obra análoga à escravidão.

O Fora do Eixo é uma espécie de braço operante de Juca Ferreira, o ex-ministro. Na prática, a pasta foi terceirizada. Vamos ver como Calero vai agir. Levar a sério que a “cultura não tem partido” implica bem mais do que tolerância: significa também impedir que um grupo hegemonize as ações culturais, esgrimindo a retórica da diversidade, mas, na prática, impondo a sua vontade e calando a divergência.

Mais: o Ministério da Cultura, a exemplo de todos os outros, tem de demonstrar eficiência. Não pode ser uma mera agencia de financiamento de projetos de amigos e de concessão de autorizações de captação de recursos, via leis de inventivo, para aliados ideológicos. A cultura tem de dar retorno também, para que mais gente seja beneficiada.

Atenção! O Ministério da Cultura, a exemplo de outro qualquer, tem de estar submetido aos critérios de eficiência e transparência no gasto dos recursos públicos. A pasta não é propriedade privada dos artistas e esquerdistas. Existe para promover o bem-estar do povo brasileiro.

Calero é jovem — apenas 33 anos —, mas tem uma boa experiência à frente da Secretaria de Cultura do Rio e, antes, na presidência do projeto “Rio 450”, em homenagem aos 450 anos da cidade.

Vai dar certo? Tomara que sim. Especialmente se o ministro se cercar de gente competente e se não se quedar refém de máfias de descolados e de milícias militantes. REINALDO AZEVEDO

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