O Brasil cria 2 milhões de empregos formais em 2022, 26,6% a menos que em 2021
Por Bernardo Caram / ISTOÉ
BRASÍLIA (Reuters) – O Brasil encerrou 2022 com um saldo positivo de 2,038 milhões de empregos formais, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado nesta terça-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego, número 26,6% menor do que o observado no ano anterior.
Em 2021, ano marcado pela retomada da atividade após o período mais agudo de impacto da pandemia de Covid-19 sobre a economia, haviam sido abertos 2,777 milhões de postos em termos líquidos, conforme série ajustada.
O resultado do ano passado é reflexo de 22,6 milhões de admissões, 8,1% acima do observado no ano anterior, e 20,6 milhões de desligamentos, alta de 13,4%.
“A gente teve mais admissões e mais desligamentos, um saldo menor que significa também um aumento da rotatividade no mercado de trabalho no ano”, disse o subsecretário de Estudos e Estatísticas do Trabalho, Felipe Pateo.
Em dezembro, mês que normalmente tem elevado volume de desligamentos de trabalhadores contratados temporariamente para as festas de fim de ano, foram fechados 431.011 postos.
O resultado do mês passado veio pior do que o fechamento líquido de 371,5 mil vagas de trabalho projetado por analistas em pesquisa Reuters, e foi resultado de 1.382.923 admissões contra 1.813.934 desligamentos.
O estoque de empregos formais do Brasil subiu 5,01% no ano passado em relação a 2021, a 42,7 milhões de trabalhadores. Em dezembro de 2021, o patamar estava em 40,7 milhões.
Todos os grupamentos de atividades econômicas do Caged tiveram saldo positivo no ano passado. O destaque ficou com o setor de serviços, que abriu 1,177 milhão de vagas. Em seguida, aparecem comércio (+350 mil), indústria (+252 mil), construção (+194 mil) e agropecuária (+65 mil).
No recorte regional, foram criados 979 mil empregos no Sudeste e 385 mil no Nordeste. A lista segue com 309 mil postos no Sul, 232 mil no Centro-Oeste e 119 mil na região Norte.
O ministério agora passou a fazer um recorte entre o que chamou de postos de trabalho “típicos” e “não típicos”, este último grupo dizendo respeito a trabalhadores como aprendizes, intermitentes, temporários e com carga horária de até 30 horas.
De acordo com Pateo, cerca de 14% das vagas líquidas criadas no ano passado dizem respeito a trabalhadores considerados não típicos.
O ministério também apresentou esse recorte em relação ao estoque de trabalhadores no país, iniciando a medição em dezembro de 2018, imediatamente antes do início do governo Jair Bolsonaro.
Nos quatro anos, segundo os dados, o crescimento do estoque de postos típicos foi de 11,1%, enquanto o aumento das vagas não típicas foi de 32,6%.
Com relação aos níveis de salário, os valores médios de contratação tiveram ligeira alta no ano, passando de 1.897,30 reais em dezembro de 2021 para 1.915,16 reais no fechamento do ano passado.
No entanto, os salários médios de desligamento ficaram mais altos que os de contratação, passando de 1.989,86 reais no fim de 2021 para 2.038,70 reais agora.
Na entrevista, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse que o governo vai intensificar a fiscalização para combater contratações precárias, argumentando que o mercado tem hoje muitos trabalhadores contratados irregularmente na classificação de Pessoa Jurídica ou de Microempreendedor Individual (MEI). Para ele, essa ação pode gerar um aumento da formalização de trabalhadores.